2.6.07

Jaime Sabines (Dóis-me)









ME DUELES






Me dueles.
Mansamente, insoportablemente, me dueles.
Toma mi cabeza, córtame el cuello.
Nada quede de mí después de este amor.



Entre los escombros de mi alma búscame,
escúchame.
En algún sitio mi voz, sobreviviente, llama,
pide tu asombro,
tu iluminado silencio.



Atravesando muros, atmósferas, edades,
tu rostro (tu rostro que parece que fuera cierto)
viene desde la muerte, desde antes
del primer día que despertara al mundo.



¡Qué claridad tu rostro, qué ternura
de luz ensimismada,
qué dibujo de miel sobre hojas de agua!



Amo tus ojos, amo, amo tus ojos.
Soy como el hijo de tus ojos,
como una gota de tus ojos soy.
Levántame. De entre tus pies levántame, recógeme,
del suelo, de la sombra que pisas,
del rincón de tu cuarto que nunca ves en sueños.
Levántame. Porque he caído de tus manos
y quiero vivir, vivir, vivir.



Jaime Sabines






DÓIS-ME




Dóis-me.
Mansamente, insuportavelmente, dóis-me.
Toma-me a cabeça, corta-me o pescoço.
Nada fique de mim depois deste amor.



Busca-me, por entre os escombros da alma,
escuta-me.
Em algum sítio a minha voz, sobrevivente, chama,
pede o teu assombro,
teu iluminado silêncio.



Atravessando muros, atmosferas, idades,
teu rosto (o teu rosto que parecia certo)
vem lá da morte, de antes do primeiro dia em que despertou para o mundo.



Que claridade o teu rosto,
que ternura de luz ensimesmada,
que debuxo de mel em papel de água!



Amo os teus olhos, amo, amo os teus olhos.
Sou como o filho dos teus olhos,
como uma gota dos teus olhos.
Levanta-me. Dos teus pés, levanta-me, apanha-me do chão, da sombra que pisas,
do canto do teu quarto que nunca vês em sonhos.
Levanta-me. Porque eu caí-te das mãos
e quero viver, viver, viver.



(Trad. A.M.)
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