27.10.21

Mark Strand (Sete poemas)




SEVEN POEMS (For Antonia)

 

 1
At the edge
of the body’s night
ten moons are rising. 

2
A scar remembers the wound.
The wound remembers the pain.
Once more you are crying. 

3
When we walk in the sun
our shadows are like barges of silence.

 4
My body lies down
and I hear my own
voice lying next to me.

 5
The rock is pleasure
and it opens
and we enter it
as we enter ourselves
each night. 

6
When I talk to the window
I say everything
is everything 

7
I have a key
so I open the door and walk in.
It is dark and I walk in.
It is darker and I walk in.
 

Mark Strand

[Otra iglesia]

 

 

 1
Na beira
do corpo da noite
dez luas nascendo. 

2
Uma cicatriz lembra a ferida,
a ferida lembra a dor.
E lá estás tu a chorar outra vez. 

3
Ao caminharmos sob o sol
são como barcas de silêncio
as sombras. 

4
Meu corpo está deitado
e eu oiço a minha voz
deitada a meu lado.

 5
A rocha é prazer
e abre-se
e nós entramos nela
como entramos todas as noites
em nós mesmos.

 6
Quando eu falo para a janela
eu digo que tudo
é tudo.

7
Tenho a chave
abro a porta e entro,
está escuro e eu entro,
mais escuro e eu entro.


 
(Trad. A.M.)

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