(Aos pés da catedral)
Ao repontar a aurora do belo dia
de Julho, o Douro que banha o Porto, desde o cais da Corticeira até o de
Massarelos, retratava em suas águas serenas e cristalinas as bandeiras e listrões
de vistosas cores, que os últimos bafejos da viração matutina ondulavam
brandamente, sobre os mastros dos barquinhos, e na orla dos pavilhões que os
defendiam do calor.
Ao lampejar tremente do sol nas cristas da serra doirada, lá naqueles tão
poéticos longes das montanhas, começavam as famílias a desembocar das estreitas
ruas de Miragaia, das arcarias escuras de Cima do Muro, da majestosa rua de S.
João, e de quantos becos descem do antigo burgo, que lá se está esboroando aos
pés da catedral. (IV)
CAMILO CASTELO BRANCO
Aventuras de Bazílio Fernandes Enxertado
(1863)