No corredor,
enquanto eu leio,
há uma porta que se abre e fecha,
abre-se e fecha,
e eu espero que se acabe aquela agonia.
Dizem que quando o vento
abre e fecha uma porta,
alguém está em perigo ali ao pé.
Temos de apurar o ouvido,
fechar o livro que líamos
e juntar-nos à ladainha;
não levantar-nos a fechar a porta,
mas ficar antes quietos, e escutar, escutar,
até descobrir a música naquele rugido.
Fabio Morábito
(Trad. A.M.)