1.7.24

Teresa Gómez (A estranha)




LA ESTRAÑA

 

¿Quién eres tú, enemiga,
que despiertas en mí al llegar la mañana,
me acechas abatida
con mis gélidos ojos y besas con mi boca? 

¿Y por qué me acaricias
tan delicadamente, y te alejas
y vuelves,
riendo con mis propias
carcajadas de hielo para la soledad
que, firme, me embarranca
como a un buque fantasma varado en el desierto? 

¿Quién hay tras el espejo
por donde trepa el miedo y la rara esperanza
en la tela de araña,
frágil y luminosa, que tejen mis recuerdos? 

¿Quién eres tú, oh diosa,
que dentro de mí creces
y duermes
y me sueñas?


Teresa Gómez                                         

[Círculo de poesia]



Quem és tu, inimiga,
que despertas em mim ao chegar a manhã.
me espreitas abatida
com meus olhos gelados e beijas com minha boca?

E porque me acaricias
tão delicadamente, e te afastas
e voltas,
rinco com minhas próprias
gargalhadas de gelo para a solidão
que me faz encalhar
como um navio fantasma varado no deserto?

Quem há atrás do espelho
por onde trepa o medo e a esperança
na teia de aranha,
luminosa e frágil,
tecida por minhas lembranças?

Quem és tu, ó deusa,
que dentro de mim cresces
e dormes
e me sonhas?


(Trad. A.M.)

.
>>  Teresa Gomez (sítio pessoal) / Círculo de poesia (4p) / Isliada (2p)

.