29.11.15
Hugo Vera Miranda (A noite era um ninho de jacarés)
LA NOCHE ERA UN NIDO DE CAIMANES
Crees conocerme y no me conoces de nada.
No me conoces de nada.
Fui un figurante que pasó por tu vida
dejando una estela de malos presagios.
¡Antiguos violines destemplados!
No fui para ti nada más que un atisbo del infierno.
Un acantilado digno del suicida
un desperdicio de la humanidad
una piedra en tu zapato.
Fui hijo de una puta y un marinero errante
que pasó por tu vida un día
en que el sol no existía
y la noche era un nido de caimanes.
Pero en definitiva no somos tan distintos.
Estamos hechos del mismo espasmo
que hizo a la comadreja y al asno.
En definitiva no somos tan distintos.
Al final nada quedará, ni un atisbo de nada.
Nada quedará, ni la comadreja, ni el asno, ni tú ni yo.
La tierra será nuestra fosa común
y giraremos hasta perdernos.
Hugo Vera Miranda
[Inmaculada Decepción]
Pensas que me conheces e não conheces nada,
conheces nada.
Eu fui um figurante que passou pela tua vida
deixando atrás um rasto de maus presságios.
Violinos antigos desafinados!
Para ti eu não fui mais que um sinal do inferno
um penhasco digno do suicida
um desperdício da humanidade
uma pedra em teu sapato.
Um filho da puta é que fui, um marinheiro errante
que passou pela tua vida um dia
em que não havia sol
e a noite era um ninho de jacarés.
Mas não somos tão diferentes assim,
somos feitos do mesmo espasmo
que fez a doninha e o asno,
não somos tão diferentes como isso.
No fim, nada restará, sequer um sinalzinho de nada.
Nada, nem doninha, nem asno, nem tu, nem eu.
A terra será nossa fossa comum
e havemos de girar até nos perdermos.
(Trad. A.M.)
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