8.5.09

Carlos de Oliveira (Infância)










INFÂNCIA




I

Terra
sem uma gota
de céu.


II

Tão pequenas
a infância, a terra.
Com tão pouco
mistério.

Chamo às estrelas
rosas.

E a terra, a infância,
crescem
no seu jardim
aéreo.


III

Transmutação
do sol em oiro.

Cai em gotas,
das folhas,
a manhã deslumbrada.


IV

Chamo
a cada ramo
de árvore
uma asa.

E as árvores voam.

Mas tornam-se mais fundas
as raízes da casa,
mais densa
a terra sobre a infância.

É o outro lado
da magia.


V

E a nuvem
no céu há tantas horas,
água suspensa
porque eu quis,
desmorona-se e cai.

Caem com ela
as árvores voadoras.


VI

Céu
sem uma gota
de terra.



Carlos de Oliveira


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