23.1.09

Rosario Castellanos (Amanhecer)









AMANECER




Qué se hace a la hora de morir? Se vuelve la cara a la pared?
Se agarra por los hombros al que está cerca y oye?
Se echa uno a correr, como el que tiene
las ropas incendiadas, para alcanzar el fin?


Cuál es el rito de esta ceremonia?
Quién vela la agonía? Quién estira la sábana?
Quién aparta el espejo sin empañar?


Porque a esta hora ya no hay madre y deudos.
Ya no hay sollozo. Nada más que un silencio atroz.


Todos son una faz atenta, incrédula
de hombre de la otra orilla.


Porque lo que sucede no es verdad.


Rosario Castellanos








Que se faz na hora da morte? Vira-se a cara para a parede?
Agarra-se pelos ombros quem está ao pé a ouvir-nos?
Deitamo-nos a correr, como quem tem
fogo na roupa, para chegar ao fim?


Qual é o rito dessa cerimónia?
Quem vela a agonia? Quem estende o lençol?
Quem afasta o espelho não embaciado?


Porque a essa hora já não há mãe nem parentes.
Já não há soluço. Mais nada que um silêncio atroz.


Todos são uma face atenta, incrédula
de homem da outra margem.


Porque o que acontece não é verdade.


(Trad. A.M.)





Fontes: Sololiteratura (70p+perfil+biblio) / Tripod (11p+bio) / Poesia mex. siglo xx (4p+perfil) / Wikipedia
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