EU
A caveira, o coração secreto,
os caminhos de sangue que não vejo,
os túneis do sonho, esse Proteu,
as vísceras, a nuca, o esqueleto.
Sou essas coisas. Incrivelmente
sou também a memória de uma espada
e a de um poente solitário
que se dispersa em ouro, em sombra, em nada.
Sou aquele que vê as proas do cais;
sou os contados livros, as contadas
inscrições fatigadas pelo tempo;
sou aquele que inveja os já falecidos.
Mais raro é ser o que entrelaça palavras
num quarto de uma casa.
JORGE LUIS BORGES
La rosa profunda (1975)
(Trad. A.M.)
A caveira, o coração secreto,
os caminhos de sangue que não vejo,
os túneis do sonho, esse Proteu,
as vísceras, a nuca, o esqueleto.
Sou essas coisas. Incrivelmente
sou também a memória de uma espada
e a de um poente solitário
que se dispersa em ouro, em sombra, em nada.
Sou aquele que vê as proas do cais;
sou os contados livros, as contadas
inscrições fatigadas pelo tempo;
sou aquele que inveja os já falecidos.
Mais raro é ser o que entrelaça palavras
num quarto de uma casa.
JORGE LUIS BORGES
La rosa profunda (1975)
(Trad. A.M.)
Fontes: Internet Aleph (Martín Hadis – Vida e obra de JLB)
Wikipedia / Fcsh (de/sobre/antologia/ensaio) / A media voz-1 (45p) / A media voz-2 (13p) / Poesi.as (121p)
Wikipedia / Fcsh (de/sobre/antologia/ensaio) / A media voz-1 (45p) / A media voz-2 (13p) / Poesi.as (121p)
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Antes, aqui: Dezassete hai-cai / E aprende-se / Houve noites / É o amor / A meta é o olvido / No fundo do sonho
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