( Às vezes é um nada ...)
Ou a vida é um acto religioso - ou um acto estúpido e inútil.
Considero os meses mais felizes da minha vida aqueles em que eu e minha mulher fomos viver para uma aldeia remota.
Ainda hoje me penetra a solidão perfumada dos montes.
A casa não tinha vidros e à noite o silêncio doirado de estrelas entrava pelas janelas e desabava sobre nós…
Há horas em que as coisas nos contemplam e estão por um fio a comunicar connosco.
Às vezes é um nada, um momento de êxtase em que distintamente ouvimos os passos da vida caminhando.
O homem sozinho está mais perto de Deus e das coisas eternas.
Sabe-lhe melhor a vida, compreende melhor a morte.
Um pormenor que o interesse entranha-se-lhe na alma para sempre, como um perfume que nunca mais se esvai…
Ainda este ano o Maio foi tão quente que toda a noite se lavrou ao luar…
- RAUL BRANDÃO, Memórias, III, Balanço à vida.
Considero os meses mais felizes da minha vida aqueles em que eu e minha mulher fomos viver para uma aldeia remota.
Ainda hoje me penetra a solidão perfumada dos montes.
A casa não tinha vidros e à noite o silêncio doirado de estrelas entrava pelas janelas e desabava sobre nós…
Há horas em que as coisas nos contemplam e estão por um fio a comunicar connosco.
Às vezes é um nada, um momento de êxtase em que distintamente ouvimos os passos da vida caminhando.
O homem sozinho está mais perto de Deus e das coisas eternas.
Sabe-lhe melhor a vida, compreende melhor a morte.
Um pormenor que o interesse entranha-se-lhe na alma para sempre, como um perfume que nunca mais se esvai…
Ainda este ano o Maio foi tão quente que toda a noite se lavrou ao luar…
- RAUL BRANDÃO, Memórias, III, Balanço à vida.
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