16.8.08

António Ramos Rosa (A coisa amada)











A COISA AMADA





Dá-me o sangue das tuas ancas, dá-me o sangue
dos teus seios e o jardim do teu sexo.
Eu quero nascer
pela forma errante da respiração igual,
pelas bocas que através das nuvens comunicam.
Um desejo absoluto circula em todo o espaço.
Eu quero-te porque tu és a coisa amada
em que me transformo no flanco das palavras.
De uma odorífera fenda avermelhada,
em linhas irisadas, entre verdes cristais,
sobes, soberanamente escandalosa.



ANTÓNIO RAMOS ROSA
O Não e o Sim (1990)

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