11.6.23

Cristina Peri Rossi (Todo poeta sabe)




(Ill)
 
Todo poeta sabe 
que se encuentra al final
de una tradición
no al comienzo
por Io cual cada palabra que usa
revierte,
como las aguas de un océano inacabable,
a mares anteriores 
                                 -llenos de islas y de pelicanos,
                                 de plantas acuáticas y corales-
del mismo modo que un filamento delicado
tejido por una araña
reconstruye partes de una cosmogonía antigua
y lanza hilos de seda hacia sistemas futuros,
llenos de peces dorados y de arenas grises.

 
 Cristina Peri Rossi

[Marcelo Leites]

 


Todo poeta sabe que se encontra no fim
e não no início
de uma tradição,
pelo que cada palavra que usa
remonta,
como as águas de um oceano interminável.
a mares anteriores
               - cheios de ilhas e de pelicanos,
               de corais e plantas aquáticas -
assim como um filamento delicado
tecido pela aranha
reconstrói peças de uma cosmogonia antiga,
e lança fios de seda para sistemas futuros,
cheios de peixes dourados, de cinzentas areias.


(Trad. A.M.)

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