OUTRA VEZ A CHUVA
Outra vez a chuva, outra vez este
Charco de mágoa que suja o espírito
E esta lâmina cravada nas espáduas,
Esta vicissitude que não cessa
E amarga as noites e os dias.
Outra vez esta fantasmagoria
De espectros a perseguir-me,
Esta barbárie que a dor e a nostalgia
Ampliam sobre os meus ombros.
Desta vertigem não hei-de sair vivo.
Feneço nesta vida entristecida que a cada
Instante se apaga pela tua ausência.
Outra vez chuva, outra vez este
Navio que parte e não regressa.
Amadeu Baptista
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