31.5.20

Ape Rotoma (Fábula III)





FÁBULA III



Nos hemos instalado en la playa y estamos listos.
Con el amanecer lo arrasaremos todo. A sangre y fuego
entraremos en el fuerte amurallado. Es la catarsis
necesaria. Lo heroico de nuestro acto es sólo
que conocemos su inutilidad de sobra y, aún así,
lo haremos. Mañana mismo, con el gallo y sin dudar.

Ape Rotoma

[Veintisiete enanos]




Instalados na praia, estamos a postos.
Ao amanhecer arrasaremos tudo. A sangue e fogo
entraremos no forte amuralhado. É a catarse
necessária. O heroísmo do nosso acto está só
em sabermos de sobra da sua inutilidade e, mesmo assim,
fá-lo-emos. Amanhã mesmo, com o galo, sem vacilar.


(Trad. A.M.)

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30.5.20

Antonio Rivero Taravillo (Unidade)





UNIDAD



Todo es lo mismo
en la unidad del mundo:

el victimario es víctima,
y quien hace sufrir es quien padece;

el suelo que está arriba
es el cielo a los pies;

en la dehesa,
las bellotas engullen a los puercos.


Antonio Rivero Taravillo




Tudo é o mesmo
na unidade do mundo:

o carrasco é vítima,
e quem faz sofrer é quem padece;

o chão por cima
é o céu aos pés;

na devesa,
as bolotas engolem os porcos.

(Trad. A.M.)

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28.5.20

Manuel Resende (O poeta obscuro)





O POETA OBSCURO



Quero apertar-te nos braços, querido poeta,
beijar-te e tirar-te da morte.
Chamam-te obscuro, porque cantavas no escuro,
com a voz rouca afogada
na região torrencial das lágrimas
e o ouvido cheio de gritos.
Como se pode cantar entre gritos
com a voz enrouquecida?
Não te vás ainda, não morras,
deixa para amanhã,
deixa-me lavar-te as feridas com água pura
tenho aqui água, descansa, em quantidade.
Querias uma palavra? Está aqui.


Manuel Resende


>>  Arquivo RS (4p) / Público (entrevista) / Facebook (página) / OMS (perfil) / Antologia do esquecimento (recensão) / Wikipedia

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26.5.20

Antonio Porchia (La verdad tiene pocos amigos)





La verdad tiene muy pocos amigos
y los muy pocos amigos que tiene
son suicidas.


Antonio Porchia

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25.5.20

Antonio Pereira (Cemitério de Évora)





CEMENTERIO DE ÉVORA



«Aquí yace José
Pinto da Silva,
tipógrafo esmerado, hombre de bien ...
Sus deudos lo recuerdan para siempre».

Y no fue vanidad, piedra gastada
en balde. A muchos años de silencio
yo pienso en él, lo reconstruyo
tipógrafo esmerado,
hombre de bien,
José Pinto
da Silva.

Acaso nunca fue tan verdadero.


Antonio Pereira





“Aqui jaz José
Pinto da Silva,
esmerado tipógrafo, homem de bem...
Seus parentes o recordam para sempre”.

E não foi vaidade, nem pedra empregada
em vão. A muitos anos de silêncio
eu penso nele, reconstruo-o
esmerado tipógrafo,
homem de bem,
José Pinto
da Silva.

Se calhar nunca foi tão verdade.


(Trad. A.M.)

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23.5.20

Francisco Duarte Mangas (S. Pedro do Sul)




S. PEDRO DO SUL



Os dióspiros incendeiam a manhã
em S. Pedro do Sul, na aldeia do Paraíso.
Nem uma folha, só os frutos: agasalho de lume.


Francisco Duarte Mangas

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21.5.20

Antonio Orihuela (David contra global)




DAVID CONTRA GLOBAL



Tienen todas las bombas,
todos los tanques,
todas las pistolas,
todas las porras,
pero es a nosotros a quienes llaman radicales.

Tienen todas las multinacionales,
todos los bancos,
toda la pasta,
todos los políticos,
todas las universidades,
y sin embargo
es a nosotros a quienes llaman radicales.

Tienen a todas las radios,
todas las televisiones,
todas las imágenes,
todas las informaciones,
todos los periódicos,
todas las voluntades,
y sin embargo
para ellos
nosotros somos los radicales.

Tienen una mentira que dice que todo es verdad
y aún dicen que somos nosotros,
los que estamos de más,
los radicales.


Antonio Orihuela

[Apología de la luz]




Têm as bombas todas,
os tanques,
as pistolas,
os paus,
mas é a nós que chamam radicais.

Têm as multinacionais todas,
os bancos,
a pasta,
os políticos,
as universidades,
e contudo
é a nós que chamam radicais.

Têm as rádios todas,
as televisões,
as imagens,
as informações,
os jornais,
as vontades,
todavia
para eles
nós somos os radicais.

Têm uma mentira a dizer que tudo é verdade
e ainda dizem que somos nós,
os que estamos a mais,
os radicais.


(Trad. A.M.)

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20.5.20

Antonio Martínez Sarrión (Saldo)





SALDO



Duró poco, como era de prever.
Aún menos, como diría el clásico,
que la verdura de las eras. Quedan,
en la herida memoria
-esa puta borrosa conforme caen los años-
la noche en aquel faro
viendo entrar las falúas en el puerto,
algún afortunado calembour,
la fría y lluviosa vez
en que con gran ternura la cobijé en mi abrigo,
el circo de la nieve en el Paular
mantenido a distancia por la flor del almendro
que purísima ardía aquel marzo precoz.
Pienso que poco más. Si preferís
otro balance bien podría ser este:
la estrella de la tarde hecha pedazos
y el vendaval de vidrios en mi cara,
dos docenas de orgasmos no siempre compartidos
y una plausible tregua para el hígado.


Antonio Martínez Sarrión




Durou pouco, como era de prever,
menos ainda, como diria o clássico,
do que a verdura das eras. Ficam,
na memória em ferida
- essa puta enganosa conforme caem os anos -
a noite naquele farol
a ver as faluas entrar no porto,
algum trocadilho feliz,
aquela vez fria e chuvosa
em que a abriguei no meu agasalho,
o circo da neve do Paular
mantido à distância pela amendoeira em flor
que ardia puríssima nesse Março temporão.
Penso que pouco mais. Se preferirdes
outro balanço bem podia ser este:
a estrela da tarde desfeita em pedaços
e o vendaval de vidros na minha cara,
duas dúzias de orgasmos nem sempre partilhados
e uma plausível trégua para o fígado.

(Trad. A.M.)

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18.5.20

António Osório (Trinta e nove anos)





TRINTA E NOVE ANOS



É um bem que me roubem e explorem;
um bem que saibam quanto valho (nada);
um bem que espreitem, que circulem
incólumes, que amedrontem e persigam;
um bem que me desprezem e destruam
e um bem maior ainda que me ignorem,
porque é preciso pagar, e caro, a vida.

António Osório

[Canal de poesia]

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16.5.20

Antonio Machado (Não é o eu fundamental)





Não é o eu fundamental
o que o poeta busca,
mas o tu essencial.


Antonio Machado

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15.5.20

Antonio Gamoneda (Sem razão)





SIN RAZÓN



He interrogado hasta el amanecer al pozo
de las preguntas. Es mentira que el corazón
sepa decirse mejor en esa sombra.

He interrogado a la memoria y al camino,
y al cielo turbio que coagulaba dudas.
Pero no bastaba crecer en los escombros
del verbo, ni formular la cicatriz reciente.

Un paisaje de puertas: entran y salen
las mascarillas de la muerte. Un paisaje
de paredes que respiran, de paredes
taladradas por sus ojos insomnes.

Busca inútilmente
el rostro y su verdad, para que el miedo
aprenda a descifrar más despacio los pasos.

Una respuesta bastaría para narcotizar
la angustia, o el sopor de ser
gota a gota un espectro.

Buscas las piezas del puzzle
que faltaban, amontonas los trozos
pero se quedan fuera los detalles.
Una respuesta sólo bastaría...
Pero en los pasillos de la noche
sólo escuchas ese ruido de pies
acostumbrados a arrastrarse
hacia los desiertos.


Antonio Gamoneda




Interroguei o poço das perguntas
até amanhecer. Mentira que o coração
se diga melhor nessa sombra.

Interroguei a memória e o caminho
e até o céu turvo que coalhava dúvidas.
Mas não bastava crescer nos escombros
do verbo, nem formular a cicatriz recente.

Uma paisagem de portas: entram e saem
as mascarilhas da morte. Paisagem
de paredes que respiram, de paredes
perfuradas por seus olhos insones.

Busca inutilmente
o rosto e sua verdade, para que o medo
aprenda a decifrar os passos mais devagar.

Uma resposta bastaria para drogar
a angústia, ou a modorra de ser
gota a gota um espectro.

Buscas as peças do puzzle em falta,
amontoas os bocados
mas os detalhes ficam de fora.
Uma resposta só bastaria...
Mas escutas apenas nos corredores
da noite esse barulho de pés
que se arrastam para o deserto.


(Trad. A.M.)

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13.5.20

Pedro da Silveira (Azorean torpor)





AZOREAN TORPOR



Subo à coroa do monte, sento-me na pedra mais alta,
suspendo o rosto sobre as mãos em concha
e deixo que se escoe o tempo entre os dedos das horas,
como lá em baixo se escoa, vagaroso,
o fumo de entre as telhas das casas.
Mole, como a paz do lugar, lentamente
passeio os olhos ao redor
e longe, pelo mar estagnado.
E nem o paquete que lá vai, ao largo, prestes
cortando o impreciso risco
de água, e céu do limite...
nem este aceno de outro e outro além,
nada, em mim, levanta a sonolência
que dos olhos me desce ao corpo sem vontade.
Tudo começa e acaba exactamente aqui,
na madorna da tarde sem memória.


Pedro da Silveira

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11.5.20

Antonio Fernández Lera (A calma)





(66)

A calma é
um procedimento administrativo.
O sorriso é um recurso poético.
A mentira é o crime por excelência.
O cérebro é o farol na borda da arriba.
Sabes. És. Não sabes. Não és.


ANTONIO FERNÁNDEZ LERA
Poemas Lentos
(2012-18)

(Trad. A.M.)

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10.5.20

Antonio Colinas (Inverno tardio)





INVIERNO TARDÍO



No es increíble cuanto ven mis ojos:
nieva sobre el almendro florido,
nieva sobre la nieve.
Este invierno mi ánimo
es como una primavera temprana,
es como un almendro floroido
bajo la nieve.

Hay demasiado frío
esta tarde en el mundo.
Pero abro la puerta a mi perro
y con él entra en casa calor,
entra la humanidad.

Antonio Colinas




Não é incrível quanto vejo com meus olhos,
neva na amendoeira em flor,
neva sobre a neve.
Meu ânimo este inverno
é como uma primavera temporã,
uma amendoeira florida
com neve.

Há frio de mais esta tarde
no mundo.
Mas abro a porta ao cachorro
e com ele entra em casa calor,
entra a humanidade.

(Trad. A.M.)

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8.5.20

Antonio Cicero (Muro)





MURO



E se um poema opaco feito muro
te fizer sonhar noites em claro?
E se justo o poema mais obscuro
te resplandecer mais que o mais claro?


Antonio Cicero

[Acontecimentos]

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6.5.20

Ángel Guinda (Sem os cinco sentidos)





SIN LOS CINCO SENTIDOS



¿Qué persigue el ciclón exasperadamente?
¡Ya no sé dónde estás de tanto ser distancia!
De puerto en puerto voy como un barco en la noche
dando tumbos, buscando tu resplandor de faro.
¿Dónde estarás ahora que estás dentro de mí?
Las olas son montañas de llanto por tu ausencia.
¡Me estoy quedando ciego de no mirar tus ojos!
¡De no tocar tu cuerpo estoy perdiendo el tacto!
Tu piel es el temblor de todas las banderas.
¿A qué sabe el delirio cuando se para el mundo?
¿A qué huelen las cruces que nos clava la muerte?
¡Me estoy quedando sordo de no escuchar tu voz!

Ángel Guinda

[Revista Turia]




O que é que o ciclone persegue exasperado?
Eu nem sei já onde estás de tanto ser distância!
De porto em porto vou como um barco na noite
aos tombos, buscando teu clarão de farol.
Onde estarás tu agora que estás dentro de mim?
São montanhas de pranto, as ondas, por tua ausência.
E eu estou a ficar cego de não olhar para teus olhos!
E de não tocar teu corpo estou a perder o tacto!
O tremular das bandeiras é a tua pele.
A que sabe o delírio quando o mundo pára?
E a que cheiram as cruzes com que a morte nos crava?
Surdo, estou a ficar surdo de não escutar tua voz!

(Trad. A.M.)

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5.5.20

Ángel González (Assim foram)





ASÍ FUERON



La mañana
–ese tigre
de papel de periódico–
ruge entre mis manos.

Ambigua e indecisa,
exhibiendo las fauces irascibles
en un largo bostezo,
se levanta:

Va a abrevar en los ríos,
a teñirlos de rojo con sus barbas sangrientas.
Luego se precipita sobre el valle.

Las tres en punto ya;
parece que la luz, zarpa retráctil,
abandona su presa.

Pero eso,
¿quién lo sabe?

Agazapado
como una loba,
el crepúsculo espera
a que salga la luna
para aullar largamente.

Así fueron los días que recuerdo.

Los otros,
los que olvido
–¡tengo ya tantos años!–
huyeron como corzas malheridas.

Ángel González

[Apología de la luz]




A manhã
- esse tigre
de papel de jornal -
ruge-me nas mãos.

Ambígua e indecisa,
mostrando as fauces irascíveis
num longo bocejo,
levanta-se:

Vai beber nos rios,
tingindo-os de vermelho com as barbas sangrentas,
depois precipita-se sobre o vale.

São três em ponto agora,
parece que a luz, farpa retráctil,
larga a sua presa.

Mas isso,
sabe-se lá?

Acaçapado
como uma loba,
o crepúsculo espera
a saída da lua
para uivar longamente.

Assim foram os dias que me lembram.

Os outros,
os que me esquecem
- tantos anos tenho já! -
escapuliram-se como corças malferidas.

(Trad. A.M.)

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3.5.20

Ruy Belo (Para a dedicação de um homem)





PARA A DEDICAÇÃO DE UM HOMEM



Terrível é o homem em quem o senhor
desmaiou o olhar furtivo das searas
ou reclinou a cabeça
ou aquele disposto a virar decisivamente a esquina
Não há conspiração de folhas que recolha
a sua despedida. Nem ombro para o seu ombro
quando caminha pela tarde acima
A morte é a grande palavra para esse homem
não há outra que o diga a ele próprio
É terrível ter o destino
da onda anónima morta na praia


Ruy Belo

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1.5.20

Andrés Neuman (Palavras a uma filha que não tenho)





(PALABRAS A UNA HIJA QUE NO TENGO)



Entornaré tus ojos si prometes soñarme.
Compréndeme, no es fácil velar por alguien siempre:
a veces necesito saber que tienes miedo.
Cuando sepas hablar, dame mi nombre;
diciéndome papá habrás hecho bastante.
En invierno no abrigues demasiado
tu cuerpo de princesa, más útil y más noble
es irse acostumbrando a resistir.
Acepta golosinas de los desconocidos
(no está el mundo como para negarse)
pero apréndete esto en cuanto puedas:
más frecuente es lo amargo, que te ignoren,
y no los caramelos.
Te enseñaré a leer fuera del aula
y llegada la hora quiero que escribas «mar»
sobre los azulejos del pasillo.
Cuando cruces por fin la calle sola
sabrás que el riesgo y la velocidad
perseguirán tus días para siempre.
No creas que en el fondo no soy un optimista:
de lo contrario tú no estarías ahí
cuidando que te cuide como debo.
Como ves, desconfío
de quienes no veneran el asombro
de estar aquí, ahora.
Existe la alegría, pero duele;
tendrás que conseguirla.
Y cuando la consigas tendrás miedo.

Andrés Neuman




Cerrarei teus olhos se prometeres sonhar comigo.
Vê bem, não é fácil velar por alguém o tempo todo,
preciso às vezes saber que tu tens medo.
Chama-me pelo nome, quando souberes falar;
se disseres papá, já não será pouco.
De Inverno não abrigues de mais
o teu corpo de princesa, mais útil e mais nobre
será ires-te habituando a resistir.
Aceita guloseimas dos desconhecidos
(que o mundo não está para recusas),
mas aprende que mais frequente é o amargo,
que te ignorem,
não os caramelos.
Hei-de ensinar-te a ler fora da escola
e chegada a hora hás-de escrever ‘mar’
nos azulejos do corredor.
Quando atravessares a rua sozinha
saberás que o risco e a vertigem
perseguirão teus dias para sempre.
Não creias que não sou no fundo um optimista,
de contrário não estarias aí tu
cuidando que eu te cuide como se impõe.
Como vês, desconfio
de quem não venera o espanto
de estar aqui, agora.
Existe a alegria, mas dói;
terás de consegui-la.
E vais ter medo quando a conseguires.

(Trad. A.M.)

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