27.1.18

Vicente Gallego (Setembro, 22)





SEPTIEMBRE, 22



Me dices que es absurdo el universo,
que la vida carece de sentido.
Pero no es un sentido lo que busco,
cualquier explicación o una promesa,
sino el estar aquí y a la deriva:
una simple botella que en la playa
aguarda la marea.
Sí, la palabra justa es abandono:
una dulce renuncia que me nombra
señor y dueño al fin de mi camino.
Queden hoy para otros
los afanes del mundo, y que mi mundo sea
la magia de esta casa
tomada en su quietud por la penumbra,
saber que nadie llegará
a interrumpir mi tarde,
que no habrá sobresaltos,
ni voces, ni horas fijas,
porque ahora es tan sólo transcurrir
mi gran tarea.

Vicente Gallego





Dizes que é absurdo o universo,
que a vida não tem sentido.
Mas não é um sentido o que eu busco,
uma explicação, uma promessa,
é o estar aqui e à deriva:
uma simples garrafa na praia
à espera da maré.
Sim, a palavra justa é abandono,
uma doce renúncia que me designa
dono e senhor no fim da minha estrada.
Os afãs do mundo
que fiquem para outros e meu mundo seja
a magia desta casa
tomada pela penumbra em seu sossego,
o saber que ninguém virá
interromper minha tarde,
que não haverá sobressalto,
nem vozes, nem horas fixas,
porque é só deixar correr,
agora, a minha grande tarefa.

(Trad. A.M.)


.