(Tovim, Coimbra)
Tovim, Coimbra.
Está um tempo torvo, gelado.
Chove a potes.
As oliveiras molhadas parecem chorar a sua viuvez de azeitona.
Mas quando vem um olho de sol e a terra enxuga, as cavas desatam os fumozinhos do húmus e tudo parece desentranhado em promessas.
O vale é verde, sim, mas distante…
A esta hora os toros de pinheiro estarão mais descascados, talvez com barbas de líquenes.
Um silvo de locomotiva abala a montanha na direcção dos povoados e sentem-se os porquinhos grunhir de regalo no cortelho, com os róseos focinhos na água quente, grossa dos mimos de farinha.
Qualquer dia vão-lhes ao chiadoiro; entretanto, cevam e fossam, felizes.
A vida animal parece ditosa ao homem saudoso e mísero, carregado de responsabilidade, de recordações, de projectos.
Só o verde dos pinhais e das culturas o aquieta e reconforta.
Oiço cavar.
- VITORINO NEMÉSIO, Corsário das Ilhas, 1956, Histórias de Mateus Queimado (Freiras da Praia).
Tovim, Coimbra.
Está um tempo torvo, gelado.
Chove a potes.
As oliveiras molhadas parecem chorar a sua viuvez de azeitona.
Mas quando vem um olho de sol e a terra enxuga, as cavas desatam os fumozinhos do húmus e tudo parece desentranhado em promessas.
O vale é verde, sim, mas distante…
A esta hora os toros de pinheiro estarão mais descascados, talvez com barbas de líquenes.
Um silvo de locomotiva abala a montanha na direcção dos povoados e sentem-se os porquinhos grunhir de regalo no cortelho, com os róseos focinhos na água quente, grossa dos mimos de farinha.
Qualquer dia vão-lhes ao chiadoiro; entretanto, cevam e fossam, felizes.
A vida animal parece ditosa ao homem saudoso e mísero, carregado de responsabilidade, de recordações, de projectos.
Só o verde dos pinhais e das culturas o aquieta e reconforta.
Oiço cavar.
- VITORINO NEMÉSIO, Corsário das Ilhas, 1956, Histórias de Mateus Queimado (Freiras da Praia).
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