(Dezoito asas rumorosas...)
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O primeiro bando de perdizes roncou, e tirou-lhe duas.
No meio do silêncio contido, que a cada momento ameaçava romper-se, o cão parado, a espingarda em meia pontaria, os pés fincados no chão mas tensos como molas, uma gota misteriosa caiu no copo e fê-lo transbordar.
Dezoito asas rumorosas ergueram-se do carqueijal, o Nilo saltou, os tiros partiram, e resultou daquela explosão de força o aniquilamento inevitável de dois seres.
Tudo certo e perfeito.
O catastrófico, o absurdo, fora a continuação da inércia.
A verdadeira morte seria a vida parada, cada respiração a encolher-se, cautelosa.
Assim é que o caçador se sentiria criminoso, o perdigueiro fera, as perdizes vítimas.
No meio do silêncio contido, que a cada momento ameaçava romper-se, o cão parado, a espingarda em meia pontaria, os pés fincados no chão mas tensos como molas, uma gota misteriosa caiu no copo e fê-lo transbordar.
Dezoito asas rumorosas ergueram-se do carqueijal, o Nilo saltou, os tiros partiram, e resultou daquela explosão de força o aniquilamento inevitável de dois seres.
Tudo certo e perfeito.
O catastrófico, o absurdo, fora a continuação da inércia.
A verdadeira morte seria a vida parada, cada respiração a encolher-se, cautelosa.
Assim é que o caçador se sentiria criminoso, o perdigueiro fera, as perdizes vítimas.
- MIGUEL TORGA, Vindima, XIV, princípio.
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