26.9.09

Gonçalo M. Tavares (A força)









A FORÇA






Nunca vi anjos nem aprendi orações
como aprendi versos, mas desde cedo uma
certa conspiração calma recolhida na parte
de trás da existência me foi dando
conselhos, monocórdicos, pontuais:
uma força constante que
afastada dos dias e do seu ruído próprio
me acompanhou. Nada de religioso, nenhum Deus,
nenhum temor, nenhuma adoração.
Chamemos à coisa: disciplina. E assim está bem.
O mundo avança e acontecem coisas,
e o meu corpo recolhe-se e faz o que tem a fazer.



Gonçalo M. Tavares


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