(Está para morrer…)
Logo depois das lufadas, dias parados e mornos com sol coado por névoas, todos brancos e meio adormecidos.
O caseiro com o seu velho casaco de remendos apõe os bois para carregar um carro de mato.
Assim que este fantasma branco se esvai tornam os dias límpidos.
E agora o vereis!
A tília ergue-se no azul toda de oiro, os choupos esguios estremecem e a vinha esfarrapa-se cor de mosto entre as leirinhas viçosas e os montes roxos e pasmados.
Está frio.
Já apetece comer os gaipelos que ficaram esquecidos para os podadores, transparentes, gelados e doces como mel.
Passo horas extasiado na vinha com medo de me mexer e todos os dias pergunto: - É o último?
O tempo está para morrer.
Às primeiras chuvas pesadas o doirado desaparece no negrume.
Tremo pela luz, pelo esplêndido Outono que está por um fio..
E sinto tudo isto com delícia, como quem está para morrer…
Logo depois das lufadas, dias parados e mornos com sol coado por névoas, todos brancos e meio adormecidos.
O caseiro com o seu velho casaco de remendos apõe os bois para carregar um carro de mato.
Assim que este fantasma branco se esvai tornam os dias límpidos.
E agora o vereis!
A tília ergue-se no azul toda de oiro, os choupos esguios estremecem e a vinha esfarrapa-se cor de mosto entre as leirinhas viçosas e os montes roxos e pasmados.
Está frio.
Já apetece comer os gaipelos que ficaram esquecidos para os podadores, transparentes, gelados e doces como mel.
Passo horas extasiado na vinha com medo de me mexer e todos os dias pergunto: - É o último?
O tempo está para morrer.
Às primeiras chuvas pesadas o doirado desaparece no negrume.
Tremo pela luz, pelo esplêndido Outono que está por um fio..
E sinto tudo isto com delícia, como quem está para morrer…
- RAUL BRANDÃO, Memórias, III, Balanço à vida.
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