20.5.08

Raul Brandão (Cada dia entendo menos)


.
.
.
.
(Cada dia entendo menos...)
.
.
.
Não entendo nada da vida.

Cada dia que avança entendo menos da vida.

Contudo, há horas, as horas perdidas - e só essas - que queria tornar a viver e a perder.

Deus, a vida, os grandes problemas, não são os filósofos que os resolvem, são os pobres vivendo.

O resto é engenho e mais nada.

As coisas belas resumem-se a meia dúzia: o tecto que me cobre, o lume que me aquece, o pão que como, a estopa e a luz.



- RAUL BRANDÃO, Memórias, I, prefácio.
.
.