8.5.08

Raul Brandão (Sem tecto entre ruínas)





(Sem tecto, entre ruínas…)





A aquiescência, o sorriso: pois sim… pois sim… - a necessidade de transigir, o preceito, a lei, fizeram de mim este ser inútil, que não sabe viver e que já agora não pode viver.

Não grito de desespero porque nem de desespero sou capaz.

A vida antiga tinha raízes, talvez a vida futura as venha a ter.

A nossa época é horrível porque já não cremos - e não cremos ainda.

O passado desapareceu, do futuro nem alicerces existem.

E aqui estamos nós, sem tecto, entre ruínas, à espera…



- RAUL BRANDÃO, Memórias, I, prefácio.
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