De novo a voz do Ti José Pascoal em mim ressuscitada acotovela-me os recantos iluminados da memória e vem guiar-me no labirinto desta escrita estendida nos refegos de uma madrugada cinzenta.
Estendo-lhe a minha voz fraterna e assim, voz na voz, rompemos juntos numa aventura que nos levará ao reino ignorado e deslumbrante onde os habitantes são palavras à espera da varinha mágica que as transfigure no pão e no vinho da nossa fome e da nossa sede.
Na Ribeira Grande, era de um home ir encomendando a alminha ao Criador, pois o que tinha de mais certo era seguir no endireito da terra dos pés juntos.
Esticava o pernil em mentes o diabo esfrega um olho.
Coitado de quem não tinha um chavo de seu pra mandar cantar um cego.
Era a modos que a petinga, todo o peixe la come.
Se acaso um pobretanas qualquer calhava a apanhar um mal ruim, desses que é logo preciso abrir o corpo com a faquinha dos doutores, não tinha outro remédio senão marchar de atestado de pobreza na mão pra a Misericórdia da Vila.
Uma dor de alma (…).
- CRISTÓVÃO DE AGUIAR,
A semente e a seiva, cap. XIII, abertura, da trilogia
Raiz Comovida.
.