25.7.06

Cristóvão de Aguiar (De novo a voz do Ti José Pascoal)





De novo a voz do Ti José Pascoal em mim ressuscitada acotovela-me os recantos iluminados da memória e vem guiar-me no labirinto desta escrita estendida nos refegos de uma madrugada cinzenta.

Estendo-lhe a minha voz fraterna e assim, voz na voz, rompemos juntos numa aventura que nos levará ao reino ignorado e deslumbrante onde os habitantes são palavras à espera da varinha mágica que as transfigure no pão e no vinho da nossa fome e da nossa sede.

Na Ribeira Grande, era de um home ir encomendando a alminha ao Criador, pois o que tinha de mais certo era seguir no endireito da terra dos pés juntos.

Esticava o pernil em mentes o diabo esfrega um olho.

Coitado de quem não tinha um chavo de seu pra mandar cantar um cego.

Era a modos que a petinga, todo o peixe la come.

Se acaso um pobretanas qualquer calhava a apanhar um mal ruim, desses que é logo preciso abrir o corpo com a faquinha dos doutores, não tinha outro remédio senão marchar de atestado de pobreza na mão pra a Misericórdia da Vila.

Uma dor de alma (…).



- CRISTÓVÃO DE AGUIAR, A semente e a seiva, cap. XIII, abertura, da trilogia Raiz Comovida.

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