Numa dessas ocasiões de tentação demoníaca, esteve o porquinho vermelho, ainda mal desmamado, à beira de ficar todo rebentado por dentro, tamanho foi o estoiro de encontro à calçada do curral.
O fidalgo havia deixado a lavagem quase toda na pia.
Mal lhe tocara.
Vavô Evaristo, que já não gostava nada da raça dos porcos, perdeu o resto do tino ao vê-lo mirrar-se de dia para dia de comedouro cheio.
Não se contendo mais, pegou no marrão e atirou-o com quanta força tinha (e era muita!) contra o empedrado da pocilga.
Valeu ao bicho a alcatifa de estrume que o amparou em tão feia queda.
Dormiu a sono solto durante horas acrescentadas, até parecia já defunto.
Ao vir porém a si, a primeira coisa que fez foi dirigir-se à pia: meteu o focinho com o arganel e sorveu a lavagem empapada em gorgolejos insofridos e não deixou um suor no fundo lambido do comedouro.
Serviu-lhe de emenda.
- CRISTÓVÃO DE AGUIAR,
O fruto e o sonho, 1.ª parte, cap. V,
in medio, da trilogia
Raiz Comovida.
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