15.8.06

Cristóvão de Aguiar (A respeito dos machos)









A respeito dos machos, tanto arrocho não havia, não-senhor.

Sempre se alcançava mais uma aberta — um home é um home, tem carta branca — isto apesar de os pais dalgum tempo serem mesmo muito téstos no tocante à hora do recolher.

As Trindades eram sagradas, mas havia sempre maneira de uma pessoa se escapulir ao arrocho da cilha.

Os que, numa comparação, iam dar o dia pra o Sul não tinham hora certa de chegar, a viagem era mais comprida que uma missa cantada e em chegando um home ao Canto da Fonte, as mais das vezes já noite fechada, metia cobiça ficar ali uma nica à conversa, ou escutando um caso engraçado da boca do senhor Manolinho da Ponte, sempre atarraxado de abafadinhos, mas muito divertido e cheio de piihéria, ou intance, se o tempo ardava lagoeiro, ia-se emborcar um calzins de cachaça da terra, por via de não se apanhar alguma resfriage.

Uma vez por outra, se acaso havia alguma serrilha no fundo da algibeira, mercava-se seis vinténs de favas assadas, nesse tempo dava uma mancheia, os pinotes é que eram mais caros e não se lhes podia chegar, só uma vez por festa é que se mercava uma serrilha deles pra se ir trincando pela tarde de domingo adiante.



- CRISTÓVÃO DE AGUIAR, A semente e a seiva, cap. XXIII, abertura, da trilogia Raiz Comovida.

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