(Às vezes, convoco-os...)
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Como em ti, há em mim várias camadas de mortos, não sei até que profundidade.
Às vezes convoco-os, outras são eles, com a voz tão sumida que mal a distingo, que desatam a falar.
Preciso da noite eterna: só num silêncio mais profundo ainda, conto ouvi-los a todos.
Nunca os meus me chamaram tão alto.
Sentam-se a meu lado.
Rodeiam-me, e pouco a pouco o círculo da minha vida restringe-se a um ponto - a cova.
- RAUL BRANDÃO, Memórias, I, prefácio.