AS PALAVRAS
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
EUGÉNIO DE ANDRADE
Coração do Dia (1958)
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam;
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
EUGÉNIO DE ANDRADE
Coração do Dia (1958)
.
.
Antes, aqui: Há dias / A boca / Frente a frente / Sê tu a palavra / Eros / Adeus / Tenho o nome de uma flor
.
.
.
.
Fontes: As Tormentas (68p) / Porto de Abrigo (27p) / IPLB (nota+bio-biblio+excertos, etc.) / Instituto Camões (nota Carlos Mendes Sousa) / Lídia Aparício (19p) / Lugar das Palavras (30p) / Um buraco na sombra (23p) / nEscritas (homenagem) / Fundação Eugénio A. (tudo+algo)
.
.
.
.