25.12.05

Eugénio de Andrade (A boca)




A BOCA



A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.


Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?


Eugénio de Andrade


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