¡Qué costumbre tan salvaje esta de enterrar a los muertos!, ¡de matarlos, de aniquilarlos, de borrarlos de la tierra! Es tratarlos alevosamente, es negarles la posibilidad de revivir.
Yo siempre estoy esperando a que los muertos se levanten, que rompan el ataúd y digan alegremente: ¿por qué lloras?
Por eso me sobrecoge el entierro. Aseguran las tapas de la cajan, la introducen, le ponen lajas encima, y luego tierra, tras, tras, tras, paletada tras paletada, terrones, polvo, piedras, apisonando, amacizando, ahí te quedas, de aquí ya no sales.
Me dan risa, luego, las coronas, las flores, el llanto, los besos derramados. Es una burla: ¿para qué lo enterraron?, ¿por qué no lo dejaron fuera hasta secarse, hasta que nos hablaran sus huesos de su muerte? ¿O por qué no quemarlo, o darlo a los animales, o tirarlos a un río?
Había de tener una casa de reposo para los muertos, ventilada, limpia, con música y con agua corriente. Lo menos dos o tres, cada día, se levantarían a vivir.
JAIME SABINES
Yuria
(1967)
Que costume mais selvagem este de enterrar os mortos! De os matar, de os aniquilar, de apagá-los da terra! É tratá-los com aleive, é negar-lhes a possibilidade de reviverem.
Eu estou sempre à espera que os mortos se levantem, que rompam o ataúde e digam alegremente: porque é que choras?
Por isso me espanta o enterro. Aferrolham o caixão, enfiam-no na terra, põem-lhe pedras por cima e depois terra, trás, trás, trás, pázada sobre pázada, terrões, pó, pedras, calcando, amaciando, fica-te para aí, daqui é que já não sais.
Dá-me o riso, depois, com as coroas, as flores, o pranto, os beijos derramados. É uma burla: Para que o enterraram? Porque não o deixaram de fora até secar, até os ossos nos falarem da sua morte? Ou porque não queimá-lo, ou dá-lo aos animais, ou atirá-lo ao rio?
Havia de haver uma casa de repouso para os mortos, ventilada, limpa, com música e água corrente. Pelo menos dois ou três, em cada dia, erguer-se-iam para viver.
(Trad. A.M.)
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