30.7.12

Almeida Garrett (O vale de Santarém)






Benévolo e paciente leitor, o que eu tenho decerto ainda é consciência, um resto de consciência: acabemos com estas digressões e perenais divagações minhas.

Bem vejo que te deixei parado à minha espera no meio da ponte da Asseca.

Perdoa-me por quem és, demos de espora às mulinhas, e vamos que são horas.

Cá estamos num dos mais lindos e deliciosos sítios da terra: o vale de Santarém, pátria dos rouxinóis e das madressilvas, cinta de faias belas e de loureiros viçosos.

Disto é que não tem Paris, nem França nem terra alguma do Ocidente senão a nossa terra, e vale bem por tantas, tantas coisas que nos faltam.


- ALMEIDA GARRETT, Viagens na minha terra, IX.

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