14.11.06

António Botto (Anda, vem)





Anda vem..., porque te negas,
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,
Porque esmoreces,
Boca vermelha, rosa de lume?


Se a luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.


Dá-me o infinito gozo
De contigo adormecer
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, meu amor!


E ouve, mancebo alado:
Entrega-te, sê contente!
Nem todo o prazer
Tem vileza ou tem pecado!


Anda, vem!... Dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos...
Tenho saudades da vida!
Tenho sede dos teus beijos!



António Botto