17.1.06

António Ramos Rosa (Dou-te um nome de água)





Dou-te um nome de água
para que cresças no silêncio.


Invento a alegria
da terra que habito
porque nela moro.


Invento do meu nada
esta pergunta.
(Nesta hora, aqui.)


Descubro esse contrário
que em si mesmo se abre:
ou alegria ou morte.


Silêncio e sol
– verdade,
respiração apenas.


Amor, eu sei que vives
num breve país.


Os olhos imagino
e o beijo na cintura,
ó tão delgada.


Se é milagre existires,
teus pés nas minhas palmas.


Ó maravilha, existo
no mundo dos teus olhos.


Ó vida perfumada
cantando devagar.


Enleio-me na clara
dança do teu andar.


Por uma água tão pura
vale a pena viver.


Um teu joelho diz-me
a indizível paz.




A. Ramos Rosa


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