MISERIA DE LA POESÍA
Me pregunto qué puedo hacer contigo
Ahora que han pasado tantos años,
Cayeron los imperios,
La creciente arrasó con los jardines,
Se borraron las fotos
Y en los sitios sagrados del amor
Se levantan comercios y oficinas
(con nombres en inglés naturalmente).
Me pregunto qué puedo hacer contigo
Y hago un pseudo poema
Que tú nunca leerás
- o si lo lees,
En vez de una punzada de nostalgia,
Provocará tu sonrisita crítica.
José Emílio Pacheco
Pergunto-me que posso fazer contigo
agora, tantos anos passados,
caíram os impérios,
a maré arrasou os jardins,
apagaram-se as fotos
e nos lugares sagrados do amor
erguem-se lojas e escritórios
(com nomes ingleses, naturalmente).
agora, tantos anos passados,
caíram os impérios,
a maré arrasou os jardins,
apagaram-se as fotos
e nos lugares sagrados do amor
erguem-se lojas e escritórios
(com nomes ingleses, naturalmente).
Pergunto-me que posso fazer contigo
e faço um pseudo poema
que tu nunca lerás
- ou, se leres,
em vez de uma ponta de saudade,
despertará o teu risinho crítico.
(Trad. A.M.)
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