5.10.15

Helder Moura Pereira (Quando estamos assim)





Quando estamos assim
deitados e nus, sem
a minha cara saber
se é a tua cara à frente
dela, parece-me bem
que o mundo é uma coisa
às escuras, sem importância
nenhuma. Dou a volta,
rodopio como um artista
de circo, estou dentro
de uma rotina, quando
lavo os dentes e visto
o pijama de flanela às riscas
sinto-me um miúdo pequeno
que desconhece o que é
morrer. Chamaste-me
sentimental, sentimental
é a tua tia.


Helder Moura Pereira

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