19.9.13

Mário de Carvalho (Imperialmente pago)





Um dia, leitor, hei-de contar as ânsias e tormentos com que se vai martelando esta artesania da escrita, em que ainda sobrevive a mão do caldeireiro ou, talvez, do fazedor de autómatos, e explicar como é desolador chegar ao nascer da roxa aurora e ao rumor dos primeiros autocarros apenas com duas ou três páginas sofrivelmente apontadas.

Só este trabalho de minuciosa lavra, em traiçoeira brenha, não contando com o resto, havia de ser, não principescamente, não regiamente, mas imperialmente pago.



- MÁRIO DE CARVALHO,
Fantasia para dois coronéis e uma piscina
(2003).

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