21.3.13

César Simón (Uma tarde por outra)





DE TARDE EN TARDE



A veces, de tarde en tarde,
paso por aquella playa.
Y nada pediría, si se me ofreciese;
que todo regresara, por ejemplo.
Disimulo quién soy, si me siento a una mesa
y acude el camarero
que nos atendía.
Es como si dijera: yo no he sido
nadie,
yo no he tenido
nada.
Y sin rencor lo digo,
con impreciso gesto, con oscuro
semblante.
Pues esta sensación es verdadera:
no hay que sacar de nada conclusiones.
Y menos que de nada de aquellos días muertos
que no deben, por respeto, ni mencionarse.


César Simón




Às vezes, uma tarde por outra,
passo por essa praia.
E nada pediria, se mo dessem,
que tudo voltasse, por exemplo.
Disfarço quem sou, se me sento a uma mesa
e acorre o empregado
que nos atendia.
Como se dissesse: eu não fui
ninguém,
eu não tive nada.
E sem rancor o digo,
com impreciso gesto, de cara fechada.
Pois esta sensação é autêntica,
não podemos tirar conclusões de nada.
E menos ainda daqueles dias finados,
que não devem, por respeito, sequer mencionar-se.


(Trad. A.M.)



>>  A media voz (18p) / Wikipedia

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