28.5.20

Manuel Resende (O poeta obscuro)





O POETA OBSCURO



Quero apertar-te nos braços, querido poeta,
beijar-te e tirar-te da morte.
Chamam-te obscuro, porque cantavas no escuro,
com a voz rouca afogada
na região torrencial das lágrimas
e o ouvido cheio de gritos.
Como se pode cantar entre gritos
com a voz enrouquecida?
Não te vás ainda, não morras,
deixa para amanhã,
deixa-me lavar-te as feridas com água pura
tenho aqui água, descansa, em quantidade.
Querias uma palavra? Está aqui.


Manuel Resende


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