7.9.22

Francisca Aguirre (Não vos confundais)



NO OS CONFUNDÁIS 

 

Y cuando ya no quede nada
tendré siempre el recuerdo
de lo que no se cumplió nunca.
Cuando me miren con áspera piedad
yo siempre tendré
lo que la vida no pudo ofrecerme.
Creedme:
Todo lo que pensáis que fue destrozo y pérdida
no ha sido más que conjetura.
Y cuando ya no quede nada
siempre tendré lo que me fue negado.
No os confundáis: con lo que nunca tuve
puedo llenar el mundo palmo a palmo.
Tanto miedo tenéis que no habéis advertido
la riqueza que se oculta en la pérdida.
Desdichados,
poca ganancia es la vuestra
si nunca habéis perdido nada.
Yo sí he perdido:
Yo tengo, como el náufrago,
toda la tierra esperándome.
 

Francisca Aguirre 

[Otra iglesia]

 

 
E quando já não me reste nada
terei sempre a lembrança 
do que nunca se cumpriu.
Quando me olharem com piedade
eu hei-de ter sempre
o que a vida não me pôde dar.
Juro,
tudo quanto pensais que foi derrota e perda
não foi mais que conjectura.
E quando nada mais restar
eu terei sempre aquilo que me negaram.
Não vos confundais, com aquilo que nunca tive
eu posso cobrir o mundo palmo a palmo.
Tanto medo tendes que não sabeis
a riqueza que está por trás da perda.
Ó infelizes,
pouca ganância será a vossa
se nunca perdestes nada.
Eu sim, que perdi,
eu tenho, tal como o náufrago,
a terra toda à minha espera.
 

(Trad. A.M.)

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- Como por vezes sucede, dou-me conta anos depois que este poema está repetido, pois já fora apresentado aqui
   (Francisca Aguirre, Não vos confundais).
   Contudo, sendo o poema o mesmo e o mesmo, obviamente, o tradutor, na verdade as duas traduções são distintas,      patenteando algumas diferenças relevantes. Ficam ambas como estão, por isso mesmo...

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