CASTA
Um homem desnuda-se diante dum rio.
Sabe que o importante nos é dado
sempre com leveza
e que a graça
foge daquilo que pesa.
Acerca-se lentamente, como a um templo.
Passa a soleira do ar.
Desfruta contemplando
a forma das pedras.
Mergulha com os peixes.
Leva tempo, atrás do adjectivo
que diga aquilo que sente
ao abraçar a água.
E achou-o por fim:
casta.
Victor Herrero de Miguel
(Trad. A.M.)