2.10.24

Louise Glück (O lago)

 



THE POND



Night covers the pond with its wing.
Under the ringed moon I can make out
your face swimming among minnows and the small
echoing stars. In the night air
the surface of the pond is metal.

Within, your eyes are open. They contain
a memory I recognize, as though
we had been children together. Our ponies
grazed on the hill, they were gray
with white markings. Now they graze
with the dead who wait
like children under their granite breastplates,
lucid and helpless.

The hills are far away. They rise up
blacker than childhood.
What do you think of, lying so quietly
by the water? When you look that way I want
to touch you, but do not, seeing
as in another life we were of the same blood.


Louise Glück


A noite estende a asa sobre o lago
e eu consigo com a lua divisar
teu rosto, boiando por entre os peixes
e o reflexo das estrelas. A superfície do lago,
no sereno da noite, parece de metal.

Vejo-te os olhos abertos, onde há
uma lembrança que eu reconheço,
como se tivéssemos crescido juntos.
Os nossos póneis retouçavam na colina,
cinzentos e com malhas brancas. Agora,
pastam com os mortos, crianças expectantes
nas suas couraças de pedra,
lúcidos e indefesos.

Estão longe as colinas, erguem-se
mais escuras ainda que a infância.
Em que pensas tu, tão tranquilamente deitado
à beira de água? Pões-te assim e eu quero
tocar-te, mas retenho-me ao ver como
em outra vida pertencemos ao mesmo sangue.


(Trad. A.M.)

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