29.11.13

Raúl Sánchez (Exílio involuntário)





EXILIO INVOLUNTARIO



Lo mismo que un alcohólico no deja
jamás de ser alcohólico aunque lleve
semanas, meses, años, lustros, décadas
sin que sus labios prueben la bebida;

y sabe que su vicio es un desierto
que necesita de una sola gota
para regenerarse - abarrotado
de plantas venenosas y parásitos;

me basta a mí - y sin duda te aprovechas
de mi debilidad - una mirada
tuya un poco más larga de la cuenta,

esa forma de andar, dos, tres palabras
para olvidar mis firmes juramentos;
por eso me resigno a tu memoria

desde este infausto exilio involuntario.


Raúl Sánchez



Tal como um alcoólico jamais
deixa de ser alcoólico, mesmo que
por semanas, meses ou anos
seus lábios não toquem na bebida;

e sabe que o vício é um deserto
que precisa apenas de uma gota
para se regenerar - abarrotado
de parasitas e plantas venenosas;

a mim – e tu exploras-me a fraqueza –
basta-me um olhar dos teus
um pouco mais longo do que a conta,

essa forma de andar, duas ou três palavras,
para esquecer meus firmes juramentos;
por isso me resigno a recordar-te

aqui, no meu infausto exílio involuntário.


(Trad. A.M.)


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