RESPIRAÇÃO ASSISTIDA
Eu vi a morte
de noite - névoa branca -
entre os frascos do soro
rondar a minha cama
era um trasgo
e como tal metera-se
pelas frinchas; noutra versão
coando-se através
dos nós da madeira
ou noutra ainda
imitando à perfeição
o gorgolejar da água
nos ralos: eu tremia
covardemente enquanto
ela raspava a parede
com unhas muito lentas
eu vi? ouvi a morte?
com toda a probabilidade
e por instantes era ela - luz negra -
tentando cegar-me
Pardilhó, 7/9-VII1-94
Lisboa, 27-XI-95
FERNANDO ASSIS PACHECO
Respiração Assistida
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