27.2.21

Juan José Saer (Recado)



ENVIO



Sé que lo que mamá quiso decirme antes de morir
era que odiaba la vida.
Odiamos la vida porque no puede vivirse.
Y queremos vivir porque sabemos que vamos a morir.
Pero lo que tiene un núcleo sólido —piedra, o hueso,
algo compacto y tejido apretadamente,
que pueda pulirse y modificarse con un ritmo diferente
al ritmo de lo que pertenece a la muerte—
no puede morir.
La voz que escuchamos sonar desde dentro es incomprensible,
pero es la única voz, y no hay más que eso,
excepción hecha de las caras vagamente conocidas,
y de los soles y de los planetas.
Me parece muy justo que mamá odiara la vida.
Pero pienso que si quiso decírmelo antes de morirse
no estaba tratando de hacerme una advertencia
sino de pedirme una refutación.

Juan José Saer
 

 

Sei que mamã o que quis dizer-me ao morrer
é que odiava a vida.
Odiamos a vida porque não se pode viver.
E queremos viver porque sabemos que vamos morrer.
Mas o que tem um núcleo sólido
– pedra, ou osso,
algo compacto que possa polir-se
com um ritmo diferente do da morte –
não  pode morrer.
A voz que ouvimos soar cá dentro é incompreensível,
mas é a única voz, não há mais que isso,
com excepção das caras vagamente conhecidas,
e dos sóis e planetas.
Parece-me bem que a mamã odiasse a vida,
mas se quis dizer-mo ao morrer.
penso que não era para me fazer uma advertência,
antes para me pedir uma refutação.


(Trad. A.M.)

.

26.2.21

Juan Gelman (Opinião)



OPINIÓN


Los poemas escritos en
estado de frialdad tienen
una ventaja: están escritos
en estado de frialdad. El odio
del vecino no entra ahí, ni el vecino
atado a su odio y
se puede alabar las bellezas del paisaje.
Alabar es una palabra rara, lleva
del ala al bar donde
el estaño está mudo.
Los poemas sin sangre
tienen una ventaja:
no tienen sangre, ni
sacudones mortales o inmortales, ni
la imperfección, la suciedad
de todos. Eso cae y nada
perturba a la tierra.
A los poetas que practican esa visión y
sin duda escriben hermosos poemas,
habría que levantarles una estatua
ciega que no se vea.
Es bello su no estar.
Todo está bien afuera
de todo lo que está mal, intocado y
lejos de la escritura, lejos,
en un canto bajito.

Juan Gelman





Os poemas escritos em
estado de frialdade têm 
uma vantagem, ser escritos
em estado de frialdade. O ódio
do vizinho não entra aí, nem o vizinho
amarrado ao seu ódio e
podem alabar-se as belezas da paisagem.
Palavra estranha, alabar, vai
da ala ao bar, onde
o estanho é mudo.
Os poemas sem sangue
têm uma vantagem,
não têm sangue, nem
abanões mortais ou imortais, nem
a imperfeição ou a sujidade
dos outros. Isso cai e nada
perturba a terra.
Os poetas que praticam essa visão e
escrevem sem dúvida belos poemas
deviam ter uma estátua
cega que não se visse.
É belo seu não estar.
Tudo está bem fora 
tudo o que está mal, intocado
e longe da escrita, longe,
num canto baixinho.

(Trad. A.M.)



24.2.21

Nuno Dempster (Foz do Douro)





FOZ DO DOURO

 

Quando penso nas ruas em que andei,
nas ruas das cidades onde já vivi
e recordo as janelas
que guiaram o meu caminho
justamente até à hora tardia
de escrever estes versos sem dedicatória,
os olhos endurecem-me,
e sinto que não tenho uma cidade
a que pertença inteiro e possa
dedicar-lhe palavras
de modo tão fiel como os choupos repartem
o sol com os seus bairros;
desconheço se o tempo altera os genes:
a ilha onde nasci
não é minha senão no sangue
de capitães distantes
que meu pai garantia correr-me nas veias,
e o rio que foi meu, o rio largo, mar
onde aquele que eu era mergulhou,
essa ilha afundou-se sem a ver,
esse rio não corre mais,
e às vezes, quando passo para norte
e o vejo, não o tenho, é outro rio.
Se vivesse nas suas margens,
o exílio não havia de surgir,
seria o velho rio que hoje flui ausente
na memória despida de sinais
e apinhada de rostos mudos
de mortos e de amigos que partiram,
deixando as margens, antes povoadas,
desertas como o exílio que esvazia
o cenário de acenos e retratos
nas folhas de um jornal lidas há muito.

Nuno Dempster

[Incomunidade]

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22.2.21

Juan Carlos Mestre (Antepassados)




 ANTEPASADOS

 

Mis antepasados inventaron la Vía Láctea,
dieron a esa intemperie el nombre de la necesidad,
al hambre le llamaron muralla del hambre,
a la pobreza le pusieron el nombre de todo lo que no es extraño a la pobreza.
Poco es lo que puede hacer un hombre con el pensamiento del hambre,
apenas dibujar un pez en el polvo de los caminos,
apenas atravesar el mar en una cruz de palo.

Mis antepasados cruzaron el mar sobre una cruz de palo,
pero no pidieron audiencia,
así que vagaron por los legajos
como los erizos y los lagartos vagan por los senderos de las aldeas.

Y llegaron a los arenales,
en los arenales la tierra es brillante como escamas de pez,
la vida en los arenales sólo tiene largos días de lluvia y luego largos días de viento.

Poco es lo que puede hacer un hombre que solo ha tenido en la vida estas cosas,
apenas quedarse dormido recostado en el pensamiento del hambre
mientras oye la conversación de los gorriones en el granero,
apenas sembrar leña de flor en la sábana de los huertos,
andar descalzo sobre la tierra brillante
y no enterrar en ella a sus hijos.

Mis antepasados inventaron la Vía Láctea,
dieron a esa intemperie el nombre de la necesidad,
atravesaron el mar sobre una cruz de palo.
Entonces pusieron nombre al hambre para que el amo del hambre
se llamara dueño de la casa del hambre
y vagaron por los caminos
como los erizos y los lagartos vagan por los senderos de las aldeas.

Poco es lo que puede hacer un hombre con las migas de la piedad,
comer pan mojado los días de lluvia a los que luego seguirán largos días de viento
y hablar de la necesidad,
hablar de la necesidad como se habla en las aldeas
de todas las cosas pequeñas que se pueden envolver con cuidado en un pañuelo.


Juan Carlos Mestre

[Hoyesarte


 

Meus antepassados inventaram a Via Láctea,
deram a essa intempérie o nome da necessidade,
à fome chamaram muralha da fome,
à pobreza deram o nome de tudo o que à pobreza não é estranho.
Pouco é o que um homem pode fazer com o pensamento da fome,
só desenhar um peixe na poeira dos caminhos,
ou atravessar o mar numa cruz de madeira.

Meus antepassados cruzaram o mar numa cruz de madeira,
mas não pediram audiência,
daí que vagueassem pelos papéis
como os ouriços e lagartos vagueiam pelos carreiros das aldeias.

E chegaram aos areais,
onde a terra brilha como escamas de peixe,
a vida nos areais tem apenas longos dias de chuva e depois longos dias de vento.

Pouco é o que pode fazer um homem que teve só disto na vida,
apenas deixar-se ficar a dormir recostado no pensamento da fome
ouvindo a conversa dos pardais no celeiro,
ou semear lenha de flor no lençol dos pomares,
andar descalço por sobre a terra brilhante,
sem enterrar os filhos na mesma.

Meus antepassados inventaram a Via Láctea,
deram a essa intempérie o nome da necessidade,
atravessaram o mar numa cruz de madeira.
Aí deram nome à fome para que o senhor da fome
se chamasse dono da casa da fome
e vaguearam pelos caminhos
como os ouriços e lagartos vagueiam pelos carreiros das aldeias.

Pouco é o que um homem pode fazer com as migas da piedade,
comer pão molhado nos dias de chuva
a que depois se seguirão longos dias de vento
e falar da necessidade,
falar da necessidade como se fala nas aldeias
das coisas miúdas que se podem embrulhar num lenço.


(Trad. A.M.)

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21.2.21

Rocío Acebal Doval (Filhos da bonança)



HIJOS DE LA BONANZA

 

Mi infancia son recuerdos de un piso a las afueras
y un huerto descuidado en la ventana;
mi juventud, veinte años de cuadernos de inglés. 

Conseguirás —dijeron—
mucho más que tus padres y sus padres:
estudia cuatro años y tendrás un trabajo,
trabaja y vivirás siempre tranquila;
trabaja y serás digna de un futuro.
Asentí, como todos —hijos de la bonanza. 

No atendimos a aquel presentimiento,
aquel olor a pólvora —aún distante—
que asomaba en voz baja
como un eco de angustia a puertas de palacio.

De aquel país ajeno a las fronteras
solo guardo el recuerdo de la luz
y una aversión a la palabra patria.
 

 Rocío Acebal Doval

 

 

Minha infância são lembranças de um andar nos subúrbios
e um horto descuidado na janela;
a juventude, vinte anos de cadernos de inglês.

Conseguirás – diziam –
muito mais que teus pais e que os pais deles:
estuda e terás trabalho,
trabalha e viverás sempre tranquila,
trabalha e terás direito a um futuro.
Concordei, como todos – os filhos da bonança.

Não atendemos ao pressentimento,
aquele cheiro a pólvora – distante ainda –
que assomava em voz baixa
como um eco de angústia às portas de palácio.

Daquele país alheio às fronteiras
guardo apenas a lembrança da luz
e uma aversão à palavra pátria.


(Trad. A.M.)

_____________________

> Os primeiros versos mimam: Antonio Machado (Retrato)


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19.2.21

Isabel Mendes Ferreira (A minha pátria)

 


a minha pátria é de chão de Pascoaes. árvore de Camões. e 
lírica de Camilo. sofrida como uma maçã de Cesário. 
um rasgo de Al berto e a mão de Pessoa.
o olho.tigre de Agostinho e o silêncio de Agustina.
Ondina nos pulsos e um pouco imenso de todo o Vergílio.
______________a minha pátria é tão antiga 
que de sépia a rubro demora o tempo de reabrir as Farpas.


Isabel Mendes Ferreira

 .

17.2.21

Jaime Gil de Biedma (Anos triunfais)



AÑOS TRIUNFALES

 

Media España ocupaba España entera
con la vulgaridad, con el desprecio
total de que es capaz, frente al vencido,
un intratable pueblo de cabreros.

Barcelona y Madrid eran algo humillado.
Como una casa sucia, donde la gente es vieja,
la ciudad parecía más oscura
y los Metros olían a miseria.

Con la luz de atardecer, sobresaltada y triste,
se salía a las calles de un invierno
poblado de infelices gabardinas
a la deriva bajo el viento.

Y pasaban figuras malvestidas
de mujeres, cruzando como sombras,
solitarias mujeres adiestradas
—viudas, hijas o esposas—

en los modos peores de ganar la vida
y suplir a sus hombres. Por la noche,
las más hermosas sonreían
a los más insolentes de los vencedores.

Jaime Gil de Biedma

[Trianarts]

 

 

Meia Espanha ocupava Espanha inteira
com a vulgaridade, com o desprezo
total de que é capaz, face ao vencido,
um intratável povo de cabreiros.

Barcelona e Madrid eram algo humilhado.
Como uma casa suja, com gente velha,
a cidade parecia mais escura
e os Metros cheiravam a miséria.

Na luz do entardecer, sobressaltada e triste,
saía-se para as ruas de um inverno
povoado de infelizes gabardinas
à deriva com o vento.

E passavam figuras malvestidas
de mulheres, cruzando como sombras,
solitárias mulheres adestradas
 – viúvas, filhas ou esposas –

nos modos piores de ganhar a vida
e suprir os homens. Pela noite,
as mais belas sorriam
aos mais insolentes dos vencedores.


(Trad. A.M.)

 .

16.2.21

Josep M. Rodríguez (Equação)

 


EQUAÇÃO

 

De pé neste penhasco,
aceito a mentira da paisagem. 

Tudo é inacessível:
o orvalho
             – que é suor vegetal –
e o comboio que passa.

Uma cegonha voa a preto e branco. 

Tem o seu ninho no cimo da igreja
que fica junto ao cemitério.
Estranho paradoxo,

 a pedra testemunha a fugacidade,
a carne é apenas um leito para o tempo. 

(Cada osso que tenho é uma lápide
pelos mortos que escondo no meu íntimo.)

Para quê contar o tempo que nos resta?

Viver é abraçar escuridões:
do que não sabemos ao que não sabemos,
de uma distância a outra distância.
Tudo é inacessível.

 Quem vê um comboio passar compreende o resto.

 
Josep M. Rodríguez

 (Trad. Manuel de Freitas)


[Averno]

 

.

14.2.21

Ferreira Gullar (Não há vagas)

 


NÃO HÁ VAGAS  

  

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão. 

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras 

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço 

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

 Ferreira Gullar

 .

12.2.21

Patricio Rascón (Viver)

 


VIVIR

 

Plantar
recolectar
cocinar
comer
beber
conversar
jugar
reír
llorar
amar, 

con tal cuidado
que quepa todo en un mismo verbo.


Patricio Rascón



Plantar
colher
cozinhar
comer
beber
conversar
brincar
rír
chorar
amar,

com tal cuidado
que caiba tudo num só verbo.


(Trad. A.M.)

 .

11.2.21

Ida Vitale (Fortuna)



FORTUNA

 

Por años, disfrutar del error
y de su enmienda,
haber podido hablar, caminar libre,
no existir mutilada,
no entrar o sí en iglesias,
leer, oír la música querida,
ser en la noche un ser como en el día.

No ser casada en un negócio,
medida en cabras,
sufrir gobierno de parientes
o legal lapidación.
No desfilar ya nunca
y no admitir palabras
que pongan en la sangre
limaduras de hierro.
Descubrir por ti misma
otro ser no previsto
en el puente de la mirada.

Ser humano y mujer, ni más ni menos.


Ida Vitale

[Interno poesia]

 

 

Anos a fio, desfrutar do erro
e da emenda,
poder falar, caminhar livremente,
não existir mutilada,
não entrar, ou então entrar, em igrejas,
ler, ouvir a música querida,
ser na noite um ser como no dia.

Não casar por negócio,
medida em cabras,
sujeita a governo de parentes
ou legal lapidação.
Não desfilar nunca,
nem consentir palavras
que deixem no sangue
limalhas de ferro.
Descobrir por ti mesma
outro ser não previsto
na ponte do olhar.

Ser humano e mulher, nem mais nem menos.


(Trad. A.M.)

.


9.2.21

Raul de Carvalho (A cidade)

 


A CIDADE

 

A luminosidade 
desta gente. 
Por toda a parte
gente bonita. 

Atirando 
ramos de flores
nos olhares. 

Tão velha a vida.


Raul de Carvalho

 .


7.2.21

Josefa Parra (Da sede)

 


DE LA SED 

 

Quitadme incluso el mar;
incluso el apretado cauce de los arroyos,
las acequias ruidosas de insectos, los estanques
donde los peces muerden la soledad del agua;
quitadme la tormenta,
los carriles de lluvia resbalando en el vidrio,
el rocío que preña de gotas los jarales,
la humedad de la noche lastimando los trigos.
Quitadme incluso el mar.

(La única sed que temo es la sed de su boca).

 
Josefa Parra Ramos

 

 
Tirai-me mesmo o mar;
ou até o leito apertado dos ribeiros,
as levadas ruidosas de insectos, os tanques
onde os peixes mordem a solidão da água;
tirai-me a tempestade,
os cordões da chuva a escorrer pelos vidros,
o orvalho que enche de gotas o restolho,
ou a humidade da noite a estragar os trigos.
Tirai-me até o mar.

 (A única sede que temo é a sede da sua boca).

 
(Trad. A.M.

.

6.2.21

José Watanabe (A pedra do rio)

 


LA PIEDRA DEL RÍO



Donde el río se remansaba para los muchachos
se elevaba una piedra.
No le viste ninguna otra forma;
                         sólo era piedra, grande y anodina.


Cuando salíamos del agua turbia
trepábamos en ella como lagartijas. Sucedía entonces
algo extraño:
           el barro seco en nuestra piel
acercaba todo nuestro cuerpo al paisaje:
                         el paisaje era de barro.
En ese momento
la piedra no era impermeable ni dura;
            era el lomo de una gran madre
que acechaba camarones en el río. Ay poeta,
otra vez la tentación
                 de una inútil metáfora. La piedra
era piedra
y así se bastaba. No era madre. Y sé que ahora
asume su responsabilidad; nos guarda
en su impenetrable intimidad.

Mi madre, en cambio, ha muerto
                        y está desatendida de nosotros.

 
José Watanabe

 

  

No rio onde era o remanso
havia uma pedra,
            uma pedra vulgar, grande e anódina. 

Quando saíamos da água,
trepávamos por ela como lagartixas. E então
sucedia algo estranho,
            a lama seca sobre a pele
acercava-nos o corpo da paisagem,
que era de lama também. Aí,
a pedra não se mostrava dura nem impermeável,
era antes como que o costado de uma grande mãe
a espreitar camarões no rio.
Ah, poeta, outra vez
a tentação das metáforas inúteis, a pedra
era a pedra e nada mais, não era mãe nada.
Assume agora, sei eu, a sua responsabilidade,
a de nos guardar no seu íntimo impenetrável.

Minha mãe, por seu lado, é morta
            e anda muito esquecida de todos.



(Trad. A.M.)


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4.2.21

Luís Amaro (Fuga)

 


FUGA
 

 
Numa nuvem de esquecimento
passar a vida,
sem mágoas, sem um lamento,
água correndo, impelida
pelo vento.
 
Ouvir a música do instante que passa
e recolhê-la no coração,
olhos fechados à dor e à desgraça,
os ouvidos atentos à canção
do instante que passa.
 
Beber a luz doirada que irradia
dos vastos horizontes,
e ver escoar-se o dia
entre pinhais e montes...
Doce melancolia.
 
Esquecer todas as agruras
que lá vão
e este negro mar de desventuras
em que voga ao sabor de torvas ondas
meu coração.

 
Luís Amaro

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2.2.21

José María Zonta (Ninguém aprende a voar)

 


Nadie aprende a volar
hasta que inventa un cielo.


José María Zonta

 

Ninguém aprende a voar
até inventar um céu.


(Trad. A.M.)

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1.2.21

José María Parreño (Sei-te oxidada)

 


Te sé
oxidada de silencio y noviembre
y abrazada a tus piernas
y desnuda
se te enfría
la saliva en los labios
y hasta tu sombra es dura
en la alcoba
tus medias derramadas
son medusas
de un mar
al que no iremos nunca

 
José María Parreño

[Poetas siglo XXI]

 

 

Sei-te
oxidada de silêncio e Novembro
abraçando as pernas
desnuda
arrefece-te a saliva
nos lábios
e até tua sombra é dura
no quarto
tuas meias derramadas
são medusas
de um mar
onde não iremos nunca


(Trad. A.M.)

 .