31.3.19

Juan José Saer (O graal)





EL GRAAL



El mar destila incertidumbre,
la montaña perplejidad; y el propio
cuerpo no abandona, por nada
del mundo, su secreto. El viaje
se volvió errabundeo, y el aura
solitaria, retirándose,
nos transformó en manada.
En la llanura inmóvil
el cansancio nos visita:
todo esto podía haber sido
de esta manera o de alguna otra,
el tiempo hubiese preferido
correr para adelante o para atrás
y abstenerse de salir, indiferente,
la luna. Nos creeríamos perdidos,
si fuésemos capaces, todavía,
de distinguir un lugar.
La mirada rebota, espesa;
ni reconoce ni interroga.
Astillas turbias flotan
entre la sombra que amenaza.
Confusos, vacilamos:
salimos a buscar no sabemos qué
ya no nos acordamos bien cuándo.


Juan José Saer





O mar destila incerteza,
o monte perplexidade; e o próprio
corpo não abandona, por nada
deste mundo, seu segredo. A viagem
torna-se errância, e a aura
solitária, retirando-se,
transforma-nos em manada.
Na planura imóvel
visita-nos o cansaço:
tudo isto podia ser assim ou
de outro modo, quisesse o tempo
correr para diante ou para trás,
ou a lua, indiferente, resolver não sair.
Fossemos nós capazes, ainda,
de distinguir um lugar,
julgar-nos-íamos perdidos.
O olhar ressalta, espesso,
nem reconhece nem interroga.
Lascas turvas bóiam
por entre a sombra intranquila.
Vacilamos, confusos:
saímos em busca não sabemos de quê,
sem nos lembrarmos já muito bem quando.


(Trad. A.M.)

29.3.19

Umberto Saba (A vida é tão amarga)





La vita è così amara,
il vino è così dolce;
perchè non dunque
bere?

Umberto Saba




A vida é tão amarga,
o vinho é tão doce...
Porque não pois
beber?

(Trad. A.M.)


.

27.3.19

Susana Benet (A luz)




LA LUZ


Es maestra la luz
cuando traspasa
la frágil consistencia
de las cosas
y muestra a nuestros ojos,
ensombrecidos,
la huella deslumbrante
de su vuelo,
su tersa claridad,
el último fulgor
donde arderemos
apenas un instante,
antes de que el tiempo,
con su certero soplo,
nos apague.

Susana Benet



É mestra a luz
a trespassar
a frágil consistência
das coisas
e mostrar a nossos olhos,
ensombrados,
a marca deslumbrante
de seu voo,
sua tersa claridade,
o último fulgor
onde arderemos
um instante só,
antes de o tempo,
com seu certeiro sopro,
nos apagar.

(Trad. A.M.)
.

25.3.19

Juan Carlos Mestre (E todos os livros cheios de palavras)




Y todos los libros llenos de palabras
y todos los calendarios llenos de días
y todos los ojos llenos de lágrimas
y llena de nubes la cabeza de todos los mares
y llenos de coronas y puntapiés todos los relojes de arena
y de jirafas molidas todos los pechos condecorados
y todas las manos llenas de verano y caracoles marinos
y todos los dormitorios llenos de manojos de explicaciones
y de pantalones disecados las sillas de todos los prostíbulos
y todos los huecos llenos de público
y todas las camas llenas de electrocutados
y todos los animales llenos de espíritu y pánico
y de feroces gritos los árboles de todos los aserraderos
y todos los tribunales llenos de testimonios
y todos los sueños llenos de sacacorchos
y llenas de chicas todas las estrellas
y todos los libros llenos de palabras
y todos los calendarios llenos de días
y todos los ojos llenos de lágrimas
y todas las peceras y todos los pupitres y todas las cenas íntimas
y todos los razonamientos llenos de indudables edificios
y toda la primavera llena de moscas y crisantemos
y llenas todas las iglesias y todos los calcetines y todas las peluquerías
y todas las mujeres llenas de gloria
y llenos también de gloria todos los hombres
y todas las perreras llenas de ángeles
y todas las llaves llenas de puertas
y todos los bazares llenos de ratones
y llenos de barrenderos todos los cuadros
y llenas de estiércol todas las escobas de la patria
y todas las cabezas llenas de radiografías e intríngulis
y llenas de luz todas las subestaciones eléctricas
y llenos de amor todos los manicomios
y todos los cementerios llenos de salvavidas

Juan Carlos Mestre




E todos os livros cheios de palavras
e todos os calendários cheios de dias
e todos os olhos cheios de lágrimas
e cheia de nuvens a cabeça de todos os mares
e cheios de coroas e pontapés todos os relógios de areia
e de girafas moídas todos os peitos condecorados
e todas as mãos cheias de verão e de caracóis marinhos
e todos os dormitórios cheios de molhos de explicações
e de calças dissecadas as cadeiras dos prostíbulos
e todos os buracos cheios de público
e todas as camas cheias de electrocutados
e todos os animais cheios de espírito e pânico
e de gritos ferozes as árvores das serrações
e os tribunais cheios de testemunhas
e todos os sonhos cheios de saca-rolhas
e cheias de miúdas todas as estrelas
e todos os livros cheios de palavras
e os calendários cheios de dias
e todos os olhos cheios de lágrimas
e todos os aquários e todas as carteiras e todas as cenas íntimas
e todos os discursos cheios de edifícios indubitáveis
e toda a primavera cheia de moscas e crisântemos
e cheias as igrejas e todas as peúgas e cabeleireiras
e todas as mulheres cheias de glória
e cheios também de glória os homens todos
e todos os canis cheios de anjos
e todas as chaves cheias de portas
e todos os bazares cheio de ratazanas
e cheios de vassouras todos os quadros
e cheias de esterco todas as escovas da pátria
e todas as cabeças cheias de radiografias
e cheias de luz as subestações eléctricas
e cheios de amor todos os manicómios
e os cemitérios cheios de salva-vidas.

(Trad. A.M.)


23.3.19

Al Berto (Incêndio)





INCÊNDIO



se conseguires entrar em casa e
alguém estiver em fogo na tua cama
e a sombra duma cidade surgir na cera do soalho
e do teto cair uma chuva brilhante
contínua e miudinha – não te assustes

são os teus antepassados que por um momento
se levantaram da inércia dos séculos e vêm
visitar-te

diz-lhes que vives junto ao mar onde
zarpam navios carregados com medos
do fim do mundo – diz-lhes que se consumiu
a morada de uma vida inteira e pede-lhes
para murmurarem uma última canção para os olhos
e adormece sem lágrimas – com eles no chão


Al Berto


21.3.19

José Watanabe (Animal de inverno)




ANIMAL DE INVIERNO



Otra vez es tiempo de ir a la montaña
a buscar una cueva para hibernar.
Voy sin mentirme: la montaña no es madre, sus cuevas
son como huevos vacíos donde recojo mi carne
y olvido.
Nuevamente veré en las faldas del macizo
vetas minerales como nervios petrificados, tal vez
en tiempos remotos fueron recorridos
por escalofríos de criatura viva.
Hoy, después de millones de años, la montaña
está fuera del tiempo, y no sabe
cómo es nuestra vida
ni cómo acaba.

Allí está, hermosa e inocente entre la neblina, y yo entro
en su perfecta indiferencia
y me ovillo entregado a la idea de ser de otra sustancia.
He venido por enésima vez a fingir mi resurrección.
En este mundo pétreo
nadie se alegrará con mi despertar. Estaré yo solo
y me tocaré
y si mi cuerpo sigue siendo la parte blanda de la montaña
sabré
que aún no soy la montaña.


José Watanabe

[Life vest under your seat]




É de novo o tempo de ir ao monte
em busca de uma lura para hibernar.
Vou sem me iludir, a montanha não é mãe
e as suas covas são como que ovos vazios,
onde recolho meu corpo e olvido.
Nas faldas do maciço verei novamente
filões de minério como que nervos petrificados, acaso
percorridos em tempos remotos
por calafrios de algum ser vivo.
Hoje, milhões de anos após, a montanha
está para além do tempo, não sabendo
como é nossa vida
nem como acaba.

Ei-la aí, inocente e bela no meio da névoa, e eu entro
em sua perfeita indiferença e enrosco-me
rendido à ideia de ser de outra matéria.
Venho pela enésima vez fingir a minha ressurreição.
Ninguém neste mundo pétreo
se alegrará com meu despertar. Estarei eu
só, tocarei em mim mesmo e,
meu corpo sendo a parte branda da montanha,
saberei
que não sou ainda a montanha.


(Trad. A.M.)


19.3.19

José María Zonta (O amor tem o sono leve)




El amor tiene el sueño ligero y duerme de puntillas
con un cuchillo entre los dientes.

José María Zonta




O amor tem o sono leve e dorme em bicos de pés
com um punhal entre os dentes.

(Trad. A.M.)

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17.3.19

Erri de Luca (Depois)





DOPO



Non quelli dentro il bunker.
non quelli con le scorte alimentari, nessuno città,
si salveranno indios, balti, masai,
beduini protetti dal vento, mongoli su cavalli,
e poi uno di Napoli nascosto nel Vesuvio,
un ebreo avvolto in uno sciame di parole,
per tradizione illesi dentro fornaci ardenti.
Si salveranno più donne che uomini,
più pesci che mammiferi,
sparirà il rock and roll, resteranno le preghiere,
scomparirà il denaro, torneranno le conchiglie.
L'umanità sarà poca, meticcia, zingara
e andrà a piedi. Avrà per bottino la vita
la più grande ricchezza da trasmettere ai figli.

Erri de Luca




Não os acolhidos no bunker,
não os das provisões de comida, nenhuma cidade,
salvar-se-ão índios, chinos, masai,
beduínos protegidos do vento, mongóis a cavalo,
e mais um de Nápoles escondido no Vesúvio,
um judeu envolto num enxame de palavras,
ilesos por tradição em fornalhas ardentes.
Hão-de salvar-se menos homens que mulheres,
mais peixes que mamíferos,
desaparecerá o rock and roll, ficarão as orações,
fugirá o dinheiro e voltarão as conquilhas.
A humanidade será escassa, mestiça, cigana
e andará a pé. A vida será seu espólio,
a maior riqueza para os filhos herdarem.

(Trad. A.M.)

15.3.19

José María Cumbreño (Condução nocturna)





CONDUCCIÓN NOCTURNA



Dicen que de noche lo mejor es guiarse por las líneas de la carretera.
Que basta con seguirlas.
Sin embargo, no sé, aquella vez que me llamaste
de madrugada para pedirme que fuera a
tu casa.
Porque tenías algo importante que decirme.
Porque no podías dormir.
Sí, cuando me confesaste que te habías enamorado de otro.
(Seguramente serían figuraciones mías.)
Pero entonces tuve la impresión de que había más curvas que nunca.

José María Cumbreño




Dizem que de noite o melhor é a gente guiar-se
pelas linhas da estrada.
Que basta segui-las.
Todavia, não sei, aquela vez que me chamaste
de madrugada a pedir-me que fosse a
tua casa.
Porque tinhas algo para me dizer importante.
Porque não conseguias dormir.
Sim, quando me confessaste que amavas outro.
(Era decerto ilusão minha.)
Mas tive então a impressão de que havia mais curvas do que dantes.


(Trad. A.M.)


13.3.19

Pablo Albornoz (Tigres)





TIGRES



Esos tigres de fuego
que estallan
en la ira de tus ojos

Pablo Albornoz




Esses tigres de fogo
que explodem
na ira de teus olhos

(Trad. A.M.)


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11.3.19

Salvatore Quasimodo (E de repente é noite)




ED È SUBITO SERA



Ognuno sta solo sul cuor della terra
trafitto da un raggio di sole:
ed è subito sera

Salvatore Quasimodo




Cada qual está só no peito da terra
trespassado por um raio de sol:
e de repente é noite

(Trad. A.M.)


>>  Aforisticamente (15p) / Poesie d'autore (13p) / Wikipedia

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9.3.19

Juan Manuel Bonet (Escrever)





ESCRIBIR



Escribir –como si nada fuera importante–
el sencillo irse de las horas
sentado en la terraza de un café
de una provincia española.
Escribir, como si estuviera escrito
que el ruido de esas tazas sobre el mármol
tuviera que pasar el arroyo claro
de unos versos.
Escribir, como si nada fuera.

Juan Manuel Bonet




Escrever – como se nada fosse importante –
o singelo ir-se das horas
sentado na esplanada de um café
de uma província espanhola.
Escrever, como se estivesse escrito
que o ruído destas chávenas sobre o mármore
tivesse de passar o arroio claro
de alguns versos.
Escrever, como se nada fosse.

(Trad. A.M.)



7.3.19

Jacobo Rauskin (Amor e mau tempo)





EL AMOR Y EL MAL TIEMPO



Bajo tantas y tantas hojas caídas
no se te ven los pies ahora.
Haré luego el elogio de las hojas
que arremolina el viento cada vez con más fuerza.
Acéptame estos versos, mientras tanto.
Celebran un sendero entre los árboles
y tu talle ceñido por mis manos
y el calor de un instante y tu voz
y esa manera de callarte como si fueras
a responderle con un suspiro a la tormenta.


Jacobo Rauskin

[La mirada del lobo]




Debaixo de tantas e tantas folhas caídas,
os teus pés nem se vêem.
Depois farei o elogio das folhas
que o vento arrebata cada vez com mais força.
Entretanto, recebe estes versos.
Celebram um carreiro entre as árvores,
tua figura cingida por minhas mãos,
o calor de um instante e tua voz
e essa maneira de te calares
como se à tempestade
fosses responder com um suspiro.

(Trad. A.M.)

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6.3.19

Montserrat Álvarez (Ars poetica)





ARS POETICA



La poesía debe ser como el amor,
asunto raro de bichos raros de largos dedos
sensitivos
La poesía debe ser como el amor,
refinada y violenta
y que haga daño y muerda
sin llegar a romperse
ni a romper
Pero a veces la poesía debe llegar más lejos
que el amor
y más lejos que todo
Y romper cosas

Montserrat Álvarez




A poesia deve ser como o amor,
assunto estranho de estranhos bichos
com longos dedos sensíveis
A poesia deve ser como o amor,
refinada e violenta
e que faça mal e morda
sem chegar a partir-se
nem a partir
Mas às vezes a poesia deve ir mais longe
que o amor
e mais
longe que tudo
E partir coisas

(Trad. A.M.)

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5.3.19

4.3.19

Hilario Barrero (Seventh Avenue Corner)





SEVENTH AVENUE CORNER BERKELEY STREET



En la gloriosa mañana de domingo
(la avenida con rojos tulipanes
y en las fachadas una luz de Hopper),
un muchacho, apoyado en la esquina
de la casa con un cerezo en flor,
está esperando a alguien
con un ramo de flores amarillas.
Un nuevo amor que nace tan temprano
y en domingo debería gozar
de una luz avanzada y larga vida
y no morir al mismo tiempo que las flores.

Hilario Barrero




Na gloriosa manhã de domingo
(avenida com túlipas vermelhas
e uma luz de Hopper nas fachadas),
um jovem, encostado na esquina
da casa com uma árvore em flor,
está à espera de alguém
com um ramo de flores amarelas.
Um novo amor nascendo assim tão cedo,
para mais ao domingo, devia gozar
de uma luz avançada e longa vida,
não morrer ao mesmo tempo que as flores.

(Trad. A.M.)


3.3.19

Susana Benet (Devagar)




DESPACIO



Despacio, muy despacio
voy abriendo los ojos a la tenue
claridad de la tarde. Junto a mí,
el gato permanece silencioso
aguardando la lenta
caricia de mi mano,
mi mano que envejece igual que él,
despacio, muy despacio.

Susana Benet




Devagar, muito devagar,
vou abrindo os olhos à ténue
claridade da tarde. A meu lado,
o gato permanece silencioso,
à espera da lenta
carícia da minha mão,
a minha mão que envelhece tal como ele,
devagar, muito devagar.

(Trad. A.M.)



>>  Susana Benet (blogue/ haiku e mais/ próprio e alheio) / Crisis de papel (rec. Don de la noche, 2018) / Crisis de papel (outra, 2018) / Crisis de papel (outra, 2015) / Wikipedia

2.3.19

Umberto Saba (Despedida)



DESPEDIDA



Vós sabeis, amigos, e eu sei.
Os versos são como as bolas de sabão:
umas sobem, outras não.


UMBERTO SABA
Il canzoniere, 175
(Einaudi)

(Trad. A.M.)



>>  Il Canzoniere/3vols/588pp / Aforisticamente (21p) / Poesie d'autore (13p) / Club (13p) / Sette muse (5p) / Wikipedia


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1.3.19

José Luis García Martín (À lua)




A LA LUNA



Ven y duérmete en mis brazos,
hermosura del mundo, luna quieta
sobre el sueño de la ciudad.
Tan sólo yo no duermo en esta hora,
ni una hoja se mueve en el jardín,
todos por un instante olvidan
sus pequeñas vidas miserables,
su amor de andar por casa,
su angustia de entretiempo,
aquella herida mal cicatrizada,
también el rezongar del mar
entre la arena oscura,
las callejuelas que deambulan
hacia un templo sin nadie,
en la montaña de imposible azul
el difícil sendero
y el guijarro que rueda hacia el abismo,
el turbador aliento del verano,
los labios incendiados,
esa rara mecánica de los cuerpos celestes
en la que nada encaja
y todo está en su sitio,
todos por un instante sordos
al latido incansable
del corazón del mundo.
Ven y duérmete en mi brazos,
cierra tu único ojo,
espejo y soledad
y sola compañía.
Sólo yo estoy despierto en esta hora,
duérmete tú también,
hermosura del mundo,
luna quieta,
deja que el universo un instante repose
sobre mis hombros de hombre solo
mientras que también Dios
dormita allá en su nada.

J.L.García Martín



Vem, dorme em meus braços,
beleza do mundo, lua quieta
sobre o sono da cidade.
Só eu não durmo nesta hora,
nem uma folha se mexe no jardim,
todos esquecem por instantes
suas vidas pequenas miseráveis,
seu amor de trazer por casa,
sua angústia de meia estação,
essa ferida mal fechada,
também o protesto do mar
na areia escura,
as ruelas que conduzem
a um templo sem ninguém,
o apertado carreiro
na montanha de azul impossível
e o calhau que roda para o abismo,
o sopro do verão,
os lábios incendidos,
a estranha mecânica dos corpos celestes
em que nada encaixa
e tudo está em seu lugar,
todos surdos por um momento
ao pulsar do coração do mundo.
Vem, dorme em meus braços,
fecha teu único olho,
espelho e solidão
e solitária companhia.
Só eu estou acordado nesta hora,
dorme tu também,
beleza do mundo,
lua quieta,
deixa o universo um instante repousar
em meus ombros de homem só,
enquanto também Deus
dormita além sobre o seu nada.

(Trad. A.M.)