16.4.18

Jesús Aguado (O que vejo passar)





Lo que veo pasar me ve pasar
y por eso estoy vivo.
Lo que veo
detenido me ve quedarme quieto
y por eso no muero.
En mis ojos,
los ojos de los árboles y el río
se miran para ser y darme el ser.
No espejos sino luz.
No parentesco
o relación sino lo mismo.
No
el tiempo desplegándose despacio
para extender su red
sino la araña
devorando a la araña para hacerse
tan grande como el tiempo y devorarle.

Lo que veo pasar me deja ciego
y por eso estoy vivo.
Lo que veo
detenido me aparta de mis ojos
y por eso no muero.
!Sigo aquí!

Jesús Aguado



O que vejo passar vê-me passar a mim
e por isso estou vivo.
O que vejo detido
vê-me a mim ficar quieto
e por isso não morro.
Em meus olhos se miram
os olhos das árvores e o rio
para serem e me darem o ser.
Não espelhos, mas luz.
Não parentesco
ou relação mas o mesmo.
Não
o tempo desdobrando-se devagar
para estender sua rede
mas a aranha
a devorar a aranha para se fazer
tão grande como o tempo e devorá-lo.

O que vejo deixa-me cego
e por isso estou vivo.
O que vejo
detido aparta-me de meus olhos
e por isso não morro.
Continuo aqui!

(Trad. A.M.)


>>  A media voz (17p) / Las afinidades electivas (4p) / Escritores (nota)

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