25.1.17

João Guimarães Rosa (Um relanço fatal)




A mais, o inimigo não tinha o recurso de se apostar – por tanto que perdiam os cavalos. Advindo que o baixadão dali não dava esconderijos de mato para tocaia à jagunça.
E os poucos foram os que pegar as distantes brenhas conseguiam, ou o cheio do capinzal, aonde não íamos desentocar ninguém.
Aqueles deviam de estar de faca em fúria na mão, cobrejando; somente por meio de cachorros-mestres, afirmados em caça de gente, era que podiam ser pegos, o que não se tinha.
Os mais, em desrédea, meteram doida fuga, enquanto mal pudessem, de debaixo de balaços.
Menos de poucos passaram.
Ao rascampo em viemos, soprando a perseguição.
Tinha um valo, varamos um mato de lobeiras.
Aí era para a banda das roças novas.
 Uns morrinhos; demos fogo.
Uma tapera, outra tapera.
Demos fogo.
Poucos dos poucos deles escaparam.
Os que desladeavam, caíam, por nossos esteiras.
Era um relanço bem fatal...


JOÃO GUIMARÃES ROSA
Grande Sertão: Veredas
(1956)