31.8.16

Gabriel Celaya (Biografia)






BIOGRAFÍA*



No cojas la cuchara con la mano izquierda.
No pongas los codos en la mesa.
Dobla bien la servilleta.
Eso, para empezar.

Extraiga la raíz cuadrada de tres mil trescientos trece.
¿Dónde está Tanganika? ¿Qué año nació Cervantes?
Le pondré un cero en conducta si habla con su compañero.
Eso, para seguir.

¿Le parece a usted correcto que un ingeniero haga versos?
La cultura es un adorno y el negocio es el negocio.
Si sigues con esa chica te cerraremos las puertas.
Eso, para vivir.

No seas tan loco. Sé educado. Sé correcto.
No bebas. No fumes. No tosas. No respires.
¡Ay, sí, no respirar! Dar el no a todos los nos.
Y descansar: morir.


Gabriel Celaya





Não pegues na colher com a mão esquerda.
Não ponhas os cotovelos na mesa.
Dobra bem o guardanapo.
Isto, para começar.

Extraia a raiz quadrada de três mil trezentos e treze.
Onde é o Tanganica? Em que ano nasceu Cervantes?
Dou-lhe um zero em comportamento se falar com o seu colega.
Isto, para continuar.

Parece-lhe bem um engenheiro fazer versos?
A cultura é um adorno e o negócio é negócio.
Se continuas com essa moça fechamos-te a porta.
Isto, para viver.

Não sejas tão louco. Sê educado. Correcto.
Não bebas. Não fumes. Não tussas. Não respires.
Ai, sim, não respirar! Dizer não a todos os nãos.
E descansar: morrer.


(Trad. A.M.)

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> Outra versão: Luz & sombra (José Bento)

*Há outro poema de Celaya, com o mesmo título (aqui publicado):
Rua das Pretas


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