17.10.14

Cristóvão de Aguiar (Vento-2)





Sempre que o vento se põe sem tino e sem freio pelas veredas assombradas da noite fico sucinto e alcançado.

Viro-me e reviro-me na cama, o sono a milhas, espantadiço, só eu e a ventania, ambos a respirarmos à sobreposse, na meia escuridão reflectida pelas luzinhas da cidade, num molhinho cintilante, livre das rabanadas dos altos.

Sinto falta da ronquidão do mar do norte da Ilha, ao fundo da descida da tronqueira, quase paredes-meias com o meu quarto de dormir.


CRISTÓVÃO DE AGUIAR
Nova Relação de Bordo
(2004)

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