5.9.14

Jorge Ampuero (Saudade)





SAUDADE


Este corazón
tan propio
como ajeno
que solía
palpitar
mordiendo
hasta el polvo
de mis huesos
trasnochados
es ahora el hocico
desnudo
y hambriento
de un perro
que aulla
solitario
pero que ya
no ladra
a nadie.
  



Este coração
tão próprio
como alheio
que costumava
palpitar
mordendo
até o pó
de meus ossos
tresnoitados
é agora o focinho
desnudo
e faminto
de um cão
que uiva
solitário
mas já
não ladra
a ninguém.

(Trad. A.M.)


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