2.8.14

Raul Brandão (Manhãs-1)





Há manhãs à beira-mar em que tudo parece um pouco de tinta muito leve e mais nada.

Um pouco de tinta e frescura.

A própria luz molhada estremece.

O doirado tem muita água e desbota.

Uma gota de azul basta para o mar e o céu.

E a manhã, trespassada e a escorrer, nascida e hesitando, faz medo que se desvaneça como fantasmas de manhã.


- RAUL BRANDÃO, Os Pescadores.

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