26.12.13

José María Zonta (Eu vou fazer-me o favor)





Me voy a hacer el favor de amarte
yo
que nunca me traté con amabilidad
que no me quejé si las botas me apretaban
ni protesté por los millones de desayunos fríos

a partir de ahora
me haré el dulce regalo de besarte

tal vez eso no signifique
que duelan menos las palabras que duelen

ni dejar de cortarme al afeitarme el alma

no importa

yo con mis favores me alcanzo
me pongo una mano en el hombro
un abrigo si llueve
y me ofrezco así a los demás

sin el apoyo del gobierno
pero con el aplauso de las flores

voy a hacerme el favor
de bajar del tren
encender el fuego
y amarte.


José María Zonta

[A quien corresponda]



Eu vou fazer-me o favor de te amar
eu
que nunca fui bom para mim mesmo
que não me queixei de as botas me apertarem
nem reclamei de mil almoços frios
doravante far-me-ei
o presente de te beijar
embora tal não queira dizer
que doam menos as palavras que doem
ou que me não corte ao fazer a barba da alma
não importa
eu cá me entendo com meus favores
passo-me a mão pelo ombro
um abrigo caso chova
e assim me ofereço aos outros
sem ajuda do governo
mas com o aplauso das flores
vou fazer-me o favor
de descer do comboio
acender a fogueira
e amar-te.

(Trad. A.M.)

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